A rosa
A
rosa tinha rosas no cabelo
por
desvelo
na
face
por
disfarce
no
ventre
por
se demente
e no
seio
por receio
E uma
rosa maior no coração
que
brilhava rubra
aculeada
Deu-me
prazer
e
fez sofrer
a malvada
Rosa,
mulher, paixão
A malmequer
Desfolhei
a delicada flor malmequer
em
minha mão
alternando
mal me quer com bem me quer
ao ritmo
do bater
do
coração
Só eu
amei
porém
E mesmo
depois de desfolhada
continuei
sem saber
se era
bem ou mal
o
seu querer
Malmequer,
mulher, indefinição
A camélia
Mergulhei
de corpo e alma na camélia aveludada
lavada
inebriado
de conforto
no
horto do prazer
quase
sem querer
até
que murchou
com
igual calma
Nada
restou de verdade
Camélia,
mulher, futilidade
A papoila
A papoila
era louca
rubra
frágil
ágil
descuidada
perfumada de nada
Enrubescia
o próprio vento
e
quem com ela se cruzava
descuidado
no
descampado
da
vida
mundo do mau pensamento
Papoila, mulher, indevida
A Açucena
Na alvura
pura
da
açucena
rezando
a santa novena
havia
espiritualidade
Amei-a
e sinto saudade
Fiquei
sem saber
com
muita pena
se
era mulher de verdade
Açucena,
mulher, castidade
A Tulipa
Olha-me
de longe
com
olhar distante
convencida
fechada
Sorri
pedante
Dela
não me aproximo
sequer
não
é flor de amor
tão
pouco amante
Tulipa,
mulher, vamp
A Flor de Cerejeira
Enxertei
uma cerejeira
que
amei como nunca ninguém
amei
E depois
que a cerejeira amada
entumescida
floriu
em flor
numa
manhã de Primavera
alva
rosada
polida
de
raios de sol irisada
brotaram
cerejas lindas
produto
de muito amor
Flor
de Cerejeira, mulher, amor, mãe
Vale
de Salgueiro, segunda-feira, 1 de Setembro de 2008
Henrique
António Pedro
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