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sábado, 28 de setembro de 2024

Caído de um buraco do céu


O céu comum

é o tecto do mundo

feito de nuvens e de sonhos

e ponteado de estrelas

 

Com buracos medonhos

de imaginação

por onde escorre a chuva

quando os anjos obreiros

a mando de Deus

lavam o além

 

E revoadas de pássaros de arribação

se escapam do paraíso

para vir alegrar o ar

e aplacar a fome a guerra

na Terra

 

De um desses buracos eu caí

em dia de trovoada

numa noite iluminada

por relâmpagos de paixão

vaidade

e fantasia

 

A esse céu de nostalgia

onde mora a felicidade

procuro agora

em vão

regressar de verdade

pela escada da poesia

 

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 31 de março de 2017

Henrique António Pedro

 

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