Seja bem vindo/a. A mesa da poesia está posta. Sirva-se. Deixe, por favor, uma breve mensagem. Poderá fazê-lo para o email: hacpedro@hotmail.com. Bem haja. Please leave a brief message. You can do so by email: hacpedro@hotmail.com. Well done.

sexta-feira, 26 de setembro de 2025

O Douro do meu enamoramento



Um cálice de vinho bastou para me embriagar

e por ela e pelo rio me enamorar

e um cálice de tempo

para transformar o Douro

no rio do meu enamoramento

 

Agora é o espírito das águas prateadas

e a lembrança do seu olhar

que continuam a me inebriar

 

A memória de quando descíamos os socalcos ciclópicos

aos saltos

eufóricos

 

E depois que nos banhávamos naquele rio dourado de amor

ainda tínhamos forças e vontade

para mil vezes voltar a subir e a descer

desde o nascer ao sol pôr

até o sol desaparecer

nas nuvens do sonho

 

Só quando ganhámos asas

nos despedimos

e dissemos adeus

 

Torno aqui e lá agora por acaso

 

Sem saber que é feito dela

nem por onde ela anda

sabendo apenas

que aqui e lá já não se encontra

 

Nem ela

nem eu

nem eu a ela

nem ela a mim

 

Apenas esta doirada saudade

apaladada pela doçura do mosto

bebido no olhar e no rosto

daquela minha casta namorada

 

Eu

para ela

já nada sou

por certo

 

Nem lembrança

sequer

muito menos ela saberá se moro longe ou perto

 

De novo me despeço

e desapareço

nas nuvens do tempo

levado nas asas do vento

enquanto as águas da memória corram tranquilas

no rio Douro do meu enamoramento

 

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 7 de Dezembro de 2009

Henrique António Pedro

 

(Imagem Google)

 

 

Sem comentários:

Enviar um comentário