Um
cálice de vinho bastou para me embriagar
e por
ela e pelo rio me enamorar
e um
cálice de tempo
para transformar
o Douro
no rio
do meu enamoramento
Agora é
o espírito das águas prateadas
e a
lembrança do seu olhar
que continuam
a me inebriar
A memória
de quando descíamos os socalcos ciclópicos
aos
saltos
eufóricos
E
depois que nos banhávamos naquele rio dourado de amor
ainda tínhamos
forças e vontade
para mil
vezes voltar a subir e a descer
desde
o nascer ao sol pôr
até o
sol desaparecer
nas
nuvens do sonho
Só
quando ganhámos asas
nos despedimos
e dissemos
adeus
Torno aqui
e lá agora por acaso
Sem
saber que é feito dela
nem
por onde ela anda
sabendo
apenas
que
aqui e lá já não se encontra
Nem ela
nem eu
nem eu
a ela
nem
ela a mim
Apenas
esta doirada saudade
apaladada
pela doçura do mosto
bebido
no olhar e no rosto
daquela
minha casta namorada
Eu
para ela
já
nada sou
por
certo
Nem
lembrança
sequer
muito
menos ela saberá se moro longe ou perto
De
novo me despeço
e
desapareço
nas
nuvens do tempo
levado
nas asas do vento
enquanto
as águas da memória corram tranquilas
no rio
Douro do meu enamoramento
Vale
de Salgueiro, segunda-feira, 7 de Dezembro de 2009
Henrique
António Pedro
(Imagem
Google)
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