quarta-feira, 20 de março de 2013
A Poesia é a coisa mais reles que existe
terça-feira, 19 de março de 2013
Ando passeando a minha angústia pelos campos
domingo, 17 de março de 2013
Sempre que Deus trabalha fora de horas
Sempre que Deus trabalha fora de horas
Sempre que Deus trabalha fora
de horas
a reescrever o poema da Criação
à luz das velas que são as
estrelas
também eu sinto e pressinto
em meu coração
que a divina meditação
se reflecte em mim
A noite cai em silente silêncio
pura quietude de feérica beleza
um manto de virtude intemporal
estende-se por sobre a Natureza
e o Firmamento brilha
de um brilho sobrenatural
Pela janela do Cosmos
que o Criador deixa entreaberta
sopra o vento do sofrimento da
Humanidade
orações de mil corações
que fazem as estrelas bruxulear
Acalma-se então a alma de uma
doce soledade
o espírito voa Universo fora
toma conta da razão o doce
dilema da inspiração
acende-se uma vela de verdade
na eternidade
É a hora a que o poeta desperta
e começa a sonhar
um sonho inexplicável
E acrescenta pela mão de Deus
um verso simples dos seus
ao poema admirável da Criação
Vale de Salgueiro, quinta-feira,
16 de Outubro de 2008
Henrique António Pedro
in Introdução à Eternidade (1.ª Edição, Outubro de 2013)
terça-feira, 12 de março de 2013
Que seja já amanhã o futuro
Males e vícios
perdem-se
na origem dos tempos
O presente
exacerba-se
em mentiras
maldades
falsidades
As virtudes
foram remetidas
para os confins do futuro
Sinais claros
de que a Civilização caminha
para o fim
Que seja já amanhã
o futuro
que o presente seja para esquecer
e o passado
o seja para sempre
Ou será que melhor será
tudo olvidar?
Vale de Salgueiro, domingo,
15 de Maio de 2011
Henrique António Pedro
domingo, 10 de março de 2013
Sou poeta porque sou um homem só
sexta-feira, 8 de março de 2013
Eunice (A paixão segundo Platão)
Sentei-me de costas para o
Sol
sob o caramanchão de
buganvílias perfumadas
com ideias estudadas
projectando em Eunice
que me olhava de frente
a sombra da minha paixão
Assim seus lábios carmim
melhor se abriam para mim
acesos em desejos de beijos
embora o seu olhar de deusa
a sua voz maviosa
o seu rosto cor-de-rosa
irradiassem apenas pureza
Líamos o Livro VII da
República
retendo-nos no Mito da
Caverna
em procura de uma
interpretação moderna
original e amorosa
Foi assim que encontrei uma
leitura diferente
vendo Eunice reclinada
bela
sentada à minha frente
Inspirado pela luz da sua
formosura
certamente
que nenhum prisma passional
refractava
e que me iluminava
com ternura
enquanto que a sombra
que eu sobre ela projectava
não vinha directa do Sol
tinha origem em mim
Era o reflexo da minha
paixão
o revérbero do meu
amor-próprio
refractado em todas as cores
do espectro do egoísmo
e que se irisava de desejo
ciúme
vaidade
posse e domínio
Mas de Eunice eu recebia
a luz pura do Amor
e da Verdade
que trespassava a limpidez do
seu coração
por isso Eunice
não entendia bem
Platão
Não lhe revelei os meus
pensamentos
na altura
para não ter de a fazer
corar
e para eu não me envergonhar
de tão ousada inventiva
Por isso só agora
que já me não liga a Eunice
o desejo
que só raramente a vejo
e já não projecto nela a minha sombra lasciva
mas a amo de verdade
lhe remeto esta poesia
Certo de que a receberá
ainda a tempo
de ensinar aos seus alunos
de filosofia
que a luz de que Platão
falava
na sua genial alegoria
era a luz do Amor
Enquanto que a paixão
é a sombra do amor-próprio
a ilusão
irisada
refractada
nos prismas do coração
in
Mulheres de Amor Inventadas (1.ª edição Nov2013)