Tanto
nós nos amávamos
tão
próximos tínhamos os corações
o
seu bater era tão alegre e doce
que
partilhavam veias
artérias
…e
sangue
se
necessário fosse
Tanto
nós nos amávamos
tão
próximos tínhamos os corações
que
sentíamos os mesmos desejos
vivíamos
as mesmas emoções
comungávamos
das mesmas ideias
enredados
nas mesmas teias
tecidas
de aventura
sonho
fantasia
e
futuro
Tanto
nós nos amávamos
tão
próximos tínhamos os corações
que
no mais leve pensamento
percebíamos
a presença do outro
ouvíamos
o que cada um dizia
e
por maior que fosse a lonjura do afastamento
e
mais forte fosse o vento
viesse
ele donde viesse
era
o seu perfume que trazia
Tão
próximos tínhamos os corações
que
bastava um sussurro para ouvir
um
arfar para sentir
um
gesto
um
toque
um
pestanejar
para
despertar o desejo
e
ter ensejo de amar
Aconteceu
a separação porém…
tão
absurdamente…
Os
corações separados estão agora tão afastados
que
morando no mesmo lugar embora
mais
estreito e incómodo é o espaço agora
Somos
incapazes de nos ver e sentir
mesmo
se nos cruzamos no passeio
e
nos olhamos olhos nos olhos
e
nem gritando impropérios
nos
faríamos ouvir
Os
corações separados estão agora tão afastados
que
morando na mesma rua
vivemos
em mundos diferentes
e
é tão fria a indiferença
que
apenas sentiríamos a solidão
se
vivêssemos os dois sozinhos
no
mesmo mundo
sós
e vizinhos
Os
corações separados estão agora tão afastados
que
apenas partilham a mais fria indiferença
e
é tão remota a hipótese de retomar
tão
infinita impossibilidade
que
nem capazes somos de nos odiar