terça-feira, 29 de novembro de 2016
E o meu espírito assim se redime
Sem querer
por vezes me desalento
desanimo
me esvazio de
mim
me oco por
dentro
caio em crise
de fé
e mal me tenho
de pé
(E quem
se não eu
se poderá
esvaziar de mim?)
Momentos em
que a angústia
me assalta a
Razão
a ansiedade me
toma o coração
e o meu espírito
nele próprio se comprime
Já não é dor
exterior
que sinto
é sim um sofrimento
atroz
interior
Então o maior
grito de fé
grito-o em
silêncio
porque a maior
dor
a sinto por
dentro
E o meu espírito
assim se redime
segunda-feira, 28 de novembro de 2016
Não guarde para si a última bala
Não guarde para
si
a última bala
A sua derradeira
dor
fala
sorriso
beijo
abraço
o último bater
do coração
Guarde apenas para
si
o seu último
poema
a poesia da
vida inteira
para declamar
perante o Criador
Para que seja
Ele a decidir
se é
ou não
merecedor
de continuar a
amar
a ler
e a escrever poesia
A dar
e a receber
amor
e a sentir
alegria
mesmo depois
de morrer
sexta-feira, 25 de novembro de 2016
Um homem apaixonado
Sou um homem
apaixonado
trago a
paixão
por
perto
Vivo de
alma atada ao corpo
pelo
sopro do amor
laços de
afecto
amarras
de ilusão
liames
de fantasia
São abraços
beijos
desejos
laivos
de poesia
Com que
me embaraço
enlaço
e desenlaço
A minha
alma voa em seu esplendor
flutua
até à Lua
mas não
cai
no chão
da rua
Faço das
tripas coração
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
Amar nunca é demais
Tanto sonho havemos de
sonhar
que acabaremos por
transformar
o sonho em realidade
Tanta ilusão havemos
de construir
que acabaremos por
cair
na realidade
Tanta coisa havemos de
comprar
e vender
que acabaremos por
aprender
o seu real valor
Tanta mentira havemos
de urdir
que prenderemos a
discernir
a pertinaz verdade
Tanto havemos de
pensar
que acabaremos por
ganhar
consciência plena de
nós
Tanta guerra havemos
de travar
que acabaremos por proclamar
a paz
de viva voz
Tanta dor havemos de
sentir
que acabaremos por
descobrir
o que nos faz sofrer
E tantas paixões
venais
havemos de viver
que aprenderemos a
reconhecer
o verdadeiro amor
e que amar
nunca é
demais
segunda-feira, 21 de novembro de 2016
É na escuridão mais escura que a alma mais luz
Abro
o livro e leio
o
meu espírito espevita
Ouço
a voz seca de Séneca
que
em seu douto pensamento
há
séculos
ao
vento
grita:
“Deixarás
de ter medo quando deixares de ter esperança.”
É
a mim que me ouço qual criança em desassossego
À
luz do dia em agonia
perco
a esperança
já
medo não sinto
mais
a minha alma anseia
No
escuro melhor me escuto e me vejo
mais
claro é o que procuro
e
o que desejo
E
no silêncio da ideia
em
mim renasce
divino
enlace
Abro
o livro
leio
e
releio “A Noite Obscura” de João da Cruz
É
na escuridão mais escura
que
a alma mais luz
Henrique
António Pedro, Vale de Salgueiro
3
de Fevereiro de 2008
sábado, 12 de novembro de 2016
A minha versão dos factos
Uma taça de
cristal
sem fim
a transbordar
de água cristalina
Ramos de
rosas
amorosas
em tálamo
nupcial
perfumadas
armadas de
espinhos
Se fosse
outra
a flor
seria jasmim
da cor da
aurora
a perfumar os
caminhos
Poesia a
florir em mil fractais
a alagar o
Cosmos
de
espiritualidade
e ais
de angústia
de uma eterna
saudade
Ouve-se então
o tropel do
coração
Nem anjos
nem deuses
nem diabos
em contrição
Não sabemos o
que somos
mas é para
anjos que vamos
ao fim e ao
cabo
assim apaixonados
Pecamos com
virtudes
santificamo-nos
com pecados
Esta a minha
versão dos factos
Seguramente a
mais próxima
da verdade
in Anamnesis
(Jan 2016-Ed. Autor)
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