terça-feira, 10 de janeiro de 2017
A alegria triste de Inverno
Inverno
Inferno frio
acinzentado
Céu coroado de nuvens
que me fazem refém
do silêncio denso
pesado
compassado
que se instala por mim a dentro
Frio fino que me morde a pele
me penetra e me pica
os ossos e os músculos
Inverno
Ténues crepúsculos são os meus dias
e as noites distendidas
nostalgias de labaredas
acesas
na alma
Tempo de calma
de reflexão
hora de resistir
de me despir por dentro
e me vestir por fora
Sangue a ferver no coração
a implodir de liberdade
e a explodir de caridade
e paixão
Inverno
Uma alegria triste
que em mim persiste
domingo, 8 de janeiro de 2017
Ofereço poesia. Aceite!
Arranco
raízes da alma que embalo em versos
orvalho-as
com o sangue fervente do coração
e
lanço-os ao vento pensando nalguém
que
as poderá apanhar
e
sentir
que
é toda gente
Outra
coisa não tenho para dar a quem me pedir
apenas
ideias e afectos
para
oferecer
glórias
ilusórias
nada
que se possa comprar ou vender
Ofereço
poesia ainda assim
dou
tudo de mim
que
é tudo quanto tenho
quinta-feira, 5 de janeiro de 2017
Sons surdos de saudade
Silêncios dilacerantes
rasgam-me o peito
e trazem-me desfeito
com o sentimento
de que a perdi
Ruídos que me roem por dentro
sons surdos de saudade
ecos de ansiedade
ondas de impaciência
geradas pela sua ausência
Abro os braços ao ar
na esperança que o vento
para ela me leve
a voar
ou assim a traga de novo
leve e livre
para mim
O vento do destino, porém
com desdém
só me deixa mais só
bobo
e sem tino
(*) Do meu baú de recordações
Cascais, 16 de Setembro de 1970
terça-feira, 3 de janeiro de 2017
Amar sem sentir o coração bater
A minha fé não vai além da minha angústia
Sinto que ainda não é
sequer
a minha crença
nem o meu querer
A minha fé
não passa de uma graça da desgraça
Ainda não é a luz do amor interior
Mas eu tenho a esperança
de um dia
poder
ver
sem precisar de olhos
para enxergar
Nem de ouvidos para ouvir
ou do cérebro para pensar
Sequer de sentir o coração bater
para a amar
domingo, 1 de janeiro de 2017
Quando é a alma que nos dói
O corpo
quando nos dói
dói-nos por partes
nunca nos dói todo
inteiro
apenas em parte nos dói
Dói-nos um pé
uma mão
o peito
o coração
cada um com sua dor
Quando sentimos prazer
também o sentimos por partes
com distintas formas de gozar
cada uma com suas artes
Sentimos o tacto
o sexo
o sabor
o olfacto
o ouvido
o olhar
A alma não tem pernas
nem braços
nem olhos
nem ouvidos
nem mesmo coração
Mas caminha
ouve
vê
sofre
e ama
inteira
E quando amamos
ou sentimos dó
a alma sofre e ama toda
verdadeira
Porque a alma é Única
Una
Uma só
Vale de Salgueiro, 15 de Abril de
2008
Henrique António Pedro
sexta-feira, 30 de dezembro de 2016
Amanhã a Humanidade faz anos
Amanhã
a
Humanidade faz anos
Ou
será que será só depois de amanhã
num
futuro longínquo que jamais chegará?!
Amanhã
a
Humanidade faz anos
Ou
será que faz anos a Desumanidade
já
que há tantos infelizes a sofrer
a
penar
a
morrer?
Amanhã
a
Humanidade faz anos
2016
a somar
a
muitos mais sem conta
que
é bom
nem
lembrar
2016 a sair
2017
a entrar
gente
tonta a gritar e a bailar
garrafas
de espumante a estourar
bombas
a explodir
vícios
e fomes a eclodir
guerra
por toda Terra
o
planeta a definhar
Amanhã
a
Humanidade faz anos
Ou
será que é a Desumanidade?
Vale de Salgueiro, 29 de Dezembro de 2016
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