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terça-feira, 4 de abril de 2017

Pássaros que fazem os ninhos nas nuvens



Os poetas são pássaros

 que fazem os ninhos nas nuvens

e por lá se demoram a voar

ao sabor do amor

e do pensamento

 

Anjos que apenas descem à terra para se angustiar

fazer ouvir a melodia do seu lamento

e apanhar mais penas

para melhor se sustentar

no ar

 

Assim será por todo o tempo

enquanto houver poesia

estrelas no Firmamento a cintilar

de tanto amar

nuvens no ar para os poetas abrigar

 

E o vento da fantasia

não cessar de soprar

 

Vale de Salgueiro, sábado, 16 de Junho de 2012

Henrique António Pedro

 

sexta-feira, 31 de março de 2017

Alguém me diz o que faço aqui?



Pergunto-me

desde que me conheço

e procuro-me

por toda a parte

 

Não sei quem sou

nem o que faço aqui

muito menos se me mereço

ou se alguém de si

igual tormento consigo comparte

 

Que missão é a minha?

Porque sina ando perdido

a mando de quem

amando e sofrendo sem tino

nem sentido?

 

Responde-me a Ciência com mil fórmulas

máquinas, computadores e televisões

a Filosofia com mil enigmas

a Religião com as melhores intenções

 

Não são essas respostas que eu espero

nem quero

mais ainda desespero

e se agravam os estigmas

 

Por isso com poesia eu lamento

esta vida angustiada

sem culpa formada

 

Na ideia de que me libertarei

anda que quando não sei

desta terrível cadeia

de desconhecimento

 

Vale de Salgueiro, domingo, 7 de Junho de 2009

Henrique António Pedro

 

terça-feira, 28 de março de 2017

Poisam poemas pela Primavera



O meu pensamento batia a todas as portas
angustiado
mas não tomava assento

E as palavras voavam em remoinho
como folhas mortas
pássaros sem ninho
ao sabor do vento

Mas eis que chega a Primavera
do nosso contentamento
tempo de alegria
reino da poesia

Agora as palavras voam livres
felizes
por toda a parte
como pássaros
como flores de todas as formas, sons e cores
de rara arte e beleza

Concertadas em versos
em poemas alados
amores perfumados
dispersos pela Natureza

Poemas que esvoaçam, poisam e chilreiam
por todo lado



terça-feira, 21 de março de 2017

Digam lá se isto não é poesia!



Digam lá se não é poesia
o começo da Primavera

Digam lá se não é poesia
o desabrochar de uma flor
a espera ansiada
e já com amor
da mulher amada
mesmo se ainda nem é
sequer
nossa namorada

Digam lá se não é poesia
o sorriso que a criança oferece
sem que se lho peça
mesmo que não se mereça

Digam lá se não é poesia
tudo receber com alegria
mesmo se não nos apetece
aceitar

Digam lá se não é poesia
tudo que oferecemos com fantasia
quando nada temos
para oferecer

Digam lá se não é a poesia
a mais linda forma de dar
e receber
que é
amar!

Vale de Salgueiro, domingo, 21 de Março de 2010
Henrique António Pedro


sábado, 18 de março de 2017

Ouço o eco da minha voz no infinito



Em dia-noite
escuro
chuvoso
e frio
tropeço numa pedra de silêncio cósmico

Caio
mas levanto-me
a custo

Venço o medo
e retomo o caminho
com os joelhos da Razão a sangrar
dúvidas e angústias

Paro
por fim
no umbral do templo do Tempo
esgotado o Espaço
e grito em silêncio:
- «Eu não reconheço nem aceito a morte!
Sou ou não sou filho de Deus?»

A minha voz ecoa no infinito
persiste

Ouço o eco

É tudo que me resta e me basta
embora nem saiba onde moro

Prova de que vivo
não morro
e Deus existe




sexta-feira, 17 de março de 2017

Quem tem olhos tem alma




Quem tem olhos tem alma
ainda que bom
ou mau
coração

Quem tem olhos tem alma
e pensa
embora possa não ter razão

Quem tem olhos tem alma
mas menos vê
se anda cego
de ambição

Quem tem olhos tem alma
e chora
embora possa chorar
sem sentir
compaixão

Quem tem olhos alma
e a luz do amor
no seu interior
embora possa não amar
por não querer

Quem tem olhos tem alma
embora possa não ver
nem acreditar