segunda-feira, 29 de maio de 2017
Atirando pedras aos sonhos
Também
sobre
mim
se
abateu
o manto opaco
da dúvida
que nada
me deixava ver
ouvir
sentir
saber
Encurralado
não
tinha como
nem para
onde fugir
Andava
perdido
como os demais
Vivia dias
de pesadelo
com medo
de viver
noites
em vigília
gritando
com medo
de dormir
Desesperado
atirava
pedras aos sonhos
para os
espantar
mas os
sonhos regressavam
voando
em bando
teimando
em não me largar
Era eu
que não me dava por vencido
Acabei
por compreender
que só acorda
quem se não
deixa adormecer
e só
vive quem sonha
e atira
pedras aos sonhos
domingo, 28 de maio de 2017
Coisas que me dizes sem querer
Coisas que me dizes sem querer
Dizes-me
coisas que nada me dizem
Coisas
que a mim me fazem sofrer
Coisas
que tu não dizes por dizer
Coisas
que a ti só te contradizem
Coisas
que tu me dizes sem querer
Coisas
que os teus olhos bem desdizem
Coisas
que contigo não se condizem
Coisas
que tu dizes, mas a doer
Coisas
que a ti dizes sem saber
Coisas
para que meus olhos ajuízem
Coisas
de bem-querer, é bom de ver
Coisas
e sorrisos a desdizer
Coisas
que de ti mesma tão bem dizem
Coisas
e coisas só para me prender
Vale de Salgueiro, terça-feira, 12 de Junho de
2012
Henrique António Pedro
sábado, 20 de maio de 2017
Há amar e amar, há partir e ficar
Especado
no cais
hesito
entre partir e ficar
ir atrás
do seu olhar
Abstraio-me
Dou asas
ao coração
mergulho
na sua imagem
no reino
da ilusão
Inunda-me
uma vaga de desejo
venço a
onda do embaraço
passo à
acção
à palavra
ao beijo
ao
abraço
Afirma-se
a paixão
Sinto
que ela me quer
que não
é miragem
Será que
existe?
Ela insiste
Especado
no cais
hesito
entre ficar
e partir
ir atrás
do seu olhar
Não sei
para onde me leva
nem para
onde ela vai
Há amar
e amar
há partir
e ficar
sexta-feira, 19 de maio de 2017
A insana ânsia de imortalidade
Leva-nos para
lá da morte
A ânsia de
imortalidade
A insana
procura da verdade
que nos leva a
morrer
e a matar
É a insana
ânsia de imortalidade
que nos faz
cantar
bailar
amar
escrever
sofrer
tentar a sorte
É mais que vaidade
querer
perlongar o viver
desejo de fama
Emerge do
âmago do nosso ser
É Deus que nos
chama
domingo, 14 de maio de 2017
Flores a florir o devir
Só será
poesia
e ganhará
voz
se
germinar dentro de nós
e
florescer no mundo
Se for
pão
colhido
na seara da vida
moído
com fantasia
e amassado
com o suor do rosto
e o mosto
do coração
Se for pão
cozido com dor
amor
e angústia
Flor
alegria
e
alimento
Lembrança
esperança
verdade
ansiedade
e esquecimento
Flores a
florir
o devir
sexta-feira, 5 de maio de 2017
Este infausto acontecimento de me deixar apaixonar.
Ando
a torcer
a retorcer
a
espremer palavras
a
bolsar ideias
iludido
de que ando a pensar mas não penso
apenas
sinto
a
mim mesmo minto
e sôfrego
sofro
Dando
asas a poemas
a
este magno sentimento
infausto
acontecimento
de
me deixar apaixonar
Não
de uma paixão qualquer
embora
meta muito amor de mulher
a
começar pelo amor de minha mãe
É o
amor à vida
esta
alegria de viver que me angustia
e me
faz sofrer
É o
medo da morte
e da
má sorte
o
temor do Além
Subscrever:
Mensagens (Atom)