No ar
anda o ar da saudade
Angustiada
Condensada
em grãos de ansiedade
Que
me escorrega das mãos
Como
areia
Ampulheta sem tempo
Que o
vento molda
Em
dunas de sofrimento
Ideia
que semeia poesia
Onde
nada subsiste
Aqui
apenas existe
Vento
Areia
E
esta alegria
Breve
e triste
Procuro
flores escondidas
Transfiguradas
em pólenes
Em
esporos e esporângios
Que
misturadas com as areias do deserto
Esperam
há milénios
Por
uma gota de suor e de esperma
Para
germinar
E
florir como anjos
Na
frescura dos oásis
Se
dessedentar de amor
E amar
Aqui
a noite é de prata
Tem o
toque da Lua
E do
luar
O
encanto da lubricidade
Já o
Sol é demais
É de
oiro
E
mata
Daniel Monforte, Legião
Estrangeira
Algures no Deserto do Sahara
5 de Agosto de 1955