ESTA SAUDADE CADELA
Esta saudade cadela
morde-me e ladra-me
a toda a hora
furiosa
e não me deixa
dormir
Em vão tento amansá-la
imaginando a minha
amada
saudosa
a sorrir-me
amorosa
a escrever este
aerograma
que agora tenho na mão
e em que me diz que
me ama
Aerograma que leio e
releio
e mas mais me enleio
nesta cruel
nostalgia
saudade cadela
insidiosa
que à lua ladra à toa
Só mesmo a poesia
dá conta dela!
Nangololo, Cabo Delgado (Norte de Moçambique), Agosto de 1972
Henrique António Pedro
In Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de 2016)