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domingo, 26 de fevereiro de 2023

À luz da minha cosmologia que é a poesia

 


À luz da minha cosmologia que é a poesia


Como a ciência moderna induz

O universo começou

Com uma explosão de luz

Que gerou as forças centrífugas

Que em cósmica vertigem

Se expandem e nos afastam da Origem

Em sofrimento e dor

 

Foi o primeiro verso

Do poema inacabado da Criação

Que se consumará na Redenção

 

Então

Também o pecado se mede em anos-luz

Tal a distância que nos separa de Deus

 

E o Amor

À luz da minha cosmologia que é a poesia

É a força centripta de retorno a Deus

Que na Verdade de Cristo Jesus

Tem a dimensão da Eternidade

 

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 4 de Agosto de 2010

Henrique António Pedro


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Ego sum qui sum!

 


Ego sum qui sum!

 

São os meus pensamentos

afectos e sentimentos

minha força de amar

que põem o Universo a pulsar!

 

Ser ou não ser

não é a questão

mas antes saber

se sou ou não ilusão

 

in Minha Pátria Montanha

(Editora Ver o Verso-2005)


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

O AMOR EM TODOS OS SENTIDOS

 


O AMOR EM TODOS OS SENTIDOS

 

O Amor…

 

não tem olhos, mas vê

e dá novo brilho ao olhar

 

não tem ouvidos, mas ouve

a harmonia da sinfonia do viver

 

não tem boca, mas canta e encanta

e à vida dá prazer

 

não tem olfacto, é inodoro de facto

mas a tudo dá perfume

 

não queima como o lume

mas aquece e enternece

 

não tem tacto, mas tacteia

e delicia com carícia

 

é insípido, não tem sabor

mas dá gosto ao paladar

 

não tem sexo, mas sublima a sensualidade

 

não tem coração, mas palpita

e dá verdade à paixão

 

não tem cérebro, mas pensa

e aviva a criatividade

 

O Amor…

não tem sentidos, mas sente

e seja em que sentido for

só o Amor dá sentido aos sentidos

e ao viver razão de ser

 

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 18 de Fevereiro de 2009

Henrique António Pedro


sábado, 18 de fevereiro de 2023

O mais glorioso acontecimento da minha vida

 



                            O mais glorioso acontecimento da minha vida


Sem merecimento é, de facto

o acto do meu nascimento

embora seja da minha vida

o mais glorioso acontecimento

ainda que não saiba bem

donde vim

 

Vim algures dalgum além

vogando no ventre de minha mãe

 

Tão pouco sei o que vim aqui fazer

e apesar de não me lembrar

muitos se alegraram com tal acto

sobretudo minha mãe,

apesar de ser ela a sofrer

as dolorosas dores de parto

 

Apenas eu chorei quando nasci

inquieto

porque a vida já me doía

por não perceber por certo

o que estava a acontecer

 

De mim nunca me aparto, ainda assim

toda a minha vida morei comigo

hora a hora

na mesma rua

no mesmo lugar

sob o Sol e sob a Lua

a saltar de terra em terra

em tempos de paz ou de guerra

 

Continuo a não me conhecer

a não saber quem sou

quem é o eu que dentro de mim mora

 

Sinto-me um ser mutante

um cavaleiro andante

o filho de minha mãe e de meu pai

que não sabe para onde vai

por não saber donde vem

 

Vale de Salgueiro, 29 de Dezembro de 2016

Henrique António Pedro


 

 

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

Prender e ficar preso por prazer

 


Prender e ficar preso por prazer

 

Lamento tão volúvel como o vento

uma nuvem fugidia

que apenas ilude

e adia

o sofrimento

 

Assim é o prazer de prender e ficar preso

a que chamamos paixão

que não passa duma ilusão

de que não nos libertamos

só porque pensamos

que amamos

 

À força de desejar mais do que amar

na trama de suas teias

ao peso de suas cadeias

mais acabamos por nos amarrar

 

Este prazer de prender e ficar preso

a que se chama paixão

não é liberdade de verdade

não

 

É sim

prisão

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 2 de Março de 2009

Henrique António Pedro

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

ANJO ANGUSTIADO

 


ANJO ANGUSTIADO


Deito-me sobre a relva

Em posição decúbito dorsal

Na ilusão fundamental

Inconsistente pensamento

De que ocupo sempre o centro do Firmamento

Vá para onde for

Deite-me com quem me deitar

 

Percebo a Via Láctea à minha esquerda

No céu límpido

Semeado de estrelas

 

Da direita chega-me o perfume das tílias

Floridas neste início quente de Verão

 

Fixo a vista na Estrela Polar

Aí me prendo a sonhar

 

Em breve a minha angústia

Alaga todo o Universo visível

E mais os invisíveis

 

Acabo por adormecer

Como um anjo angustiado

 

Vale de Salgueiro, sábado, 28 de Junho de 2008

Henrique António Pedro 

in Angústia, Razão e Nada (Editora Temas Originais-2009)