À hora do despertar dos mágicos
A luz da Lua
coada pela neblina
não chega a ser luar
sequer
É tremulina a
tremeluzir
nas águas do lago
que a brisa faz
ondular
Cantamos e dançamos
nus
dementes
de mão dada
quase até de
madrugada
Eu e minha amada
Qual faunos
fosforescentes
por entre árvores
despidas
plantadas hirtas no nevoeiro
Até que os mágicos
despertem
à hora em que os humanos devem ir dormir
e deixar livre o
terreiro da imaginação
seu privilégio
nosso sortilégio
nossa humana
condição
É a hora de
regressar a casa
cabisbaixos
resignados
calados
doridos
arrependidos
de alma em brasa
expulsos do fantástico
paraíso
pelo trágico juízo
mágico
Outro é o nosso
lugar
Vale de Salgueiro, sábado, 23 de Janeiro de 2010
Henrique António Pedro