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quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Que somos e que é nosso, afinal?

 


Que somos e que é nosso, afinal?


Somos, é sabido, mais que carne e osso

Embora, na verdade, nada seja nosso

Saber, então, o que somos nós, afinal

É, sem dúvida, a questão fundamental!

 

Da paixão que se esfuma fica o fosso

Do poder que nos cega resta o desforço

Da glória que se evola é igual

Digam-me lá o que é nosso afinal?

 

Tão só aquilo que em nós fica gravado

Tudo o que fazemos, por mal ou por bem

Tão só o que desta vida resta, se tem.

 

Poderão ser a virtude ou o pecado

Que nos marcam só a nós e a mais ninguém

E ser-nos útil, ou inútil, no Além.

 

Vale de Salgueiro, 2 de Setembro de 2010

Henrique António Pedro

 

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

O verbo amar

 


O verbo amar

 

A quem se ama, estando presente

Para o nosso amor demonstrar

Basta o verbo “amar” conjugar

Também para quem andar ausente

 

Para criar versos de encantar

Basta o verbo “amar”, tão somente

Palavra, desejo, beijo, mimar

E manifestar quanto se sente

 

Seja erudito ou iletrado

É poeta quem escreve ou diz

Formas do verbo “amar” conjugado

 

Mesmo se alguém se sente infeliz

Porque muito ama sem ser amado

Até com a dor o amor condiz

 

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 15 de Agosto de 2008

Henrique António Pedro

 

 

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Rei Midas do Amor

 


Rei Midas do Amor

 

Novo Midas gostaria de ser

Poder em tudo quanto tocar

No mais fino dos oiros transmutar

Bastando, para tanto, meu querer

 

Começaria por dar de comer

A tantos que a fome faz penar

Jóias em pão ia transformar

E todo o mundo abastecer

 

Tudo convertia em alegria

À vida mais triste e sem sabor

Nova vontade de viver daria

 

Mitigar a mais dolorosa dor

A todos nos deu, Deus, essa magia

Basta em tudo tocar com Amor

 

Vale de Salgueiro, sábado, 23 de Agosto de 2008

Henrique António Pedro

 

domingo, 20 de agosto de 2023

Só bem entende quem bem sabe amar

 


Só bem entende quem bem sabe amar


Anda ele a sonhar, sem acordar

São mil e um sonhos o seu sustento

Com a voz do vento, todo o tempo

Nunca pára de por ela chamar

 

Assim levado nas asas do vento

Esse amor é um triste lamento

Perde-se nas ondas do alto mar

Só entende quem bem sabe amar

 

Mas ela porfia dele fugir

Apenas porque não lhe tem amor

Por isso nem sequer o quer ouvir

 

Ele, porém, canta a sua dor

Para a si mesmo se iludir

São poemas tristes, triste louvor     

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 13 de Setembro de 2010

Henrique António Pedro

 

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

A mulher: sempre!

 


A mulher: sempre!

 

Não é só no parto, esse acto sublime

Que exalta a vida, a mulher, a mãe

Ela estará sempre presente, também                

Se preciso for que alguém o homem anime

 

É a mulher quem a vida melhor exprime

Para mal do homem ou para o seu bem

Sempre alguma mulher melhor lhe convém:

Por amor ou rancor o perde ou redime!

 

Simplesmente amiga ou mera amante

Esposa que seja ou simples companheira

Sempre a mulher tem papel preponderante

 

Para dar melhor vida à vida inteira

Embora estando próxima ou distante                          

É sempre a mulher que vai na dianteira

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 16 de Setembro de 2008

Henrique António Pedro

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Bem me quer, mal me quer

 


Bem me quer, mal me quer

 

Tenta-me. Finge-se adormecida

Em leito florido de malmequer

Bela, desnuda e oferecida

Tal é a loucura com que me quer

                                                                                       

Deixa a minha alma entontecida

Essa arte das sensuais mulheres

Que amansa a fera mais temida

E faz dos homens santos, vis berberes              

 

Mas por tanto também eu lhe querer

Decido, porém, não a acordar

Não vá, com o espanto, a perder

 

De pronto me diz sem pestanejar:

«Bem me quer quem assim só me não quer!

Toda a ti, amor, me quero dar!»

 

Vale de Salgueiro, 4 de Abril de 2008

Henrique António Pedro