terça-feira, 19 de julho de 2016
Ouvindo o silêncio em solidão
Dá-me prazer ouvir
o silêncio
em solidão
Prazer que advém da
alegria interior
de procurar companhia
mais além
fora do mundo
e do tempo
De ouvir em meus
ouvidos
o ruído que traz o
vento
do cosmos profundo
De o sentir em todos os
sentidos
e de o calar
bem fundo
dentro de mim
para aí o interpretar
Fora da razão
ainda assim
terça-feira, 5 de julho de 2016
O beijo de uma flor
É uma glória
pequenina
maior que a minha
vaidade
ainda assim
uma infinita
felicidade
o ser beijado por
uma flor
De ser aspergido com
seu pó de pólen
perfumado do seu
odor
ficar para sempre enamorado
e ligado
a esta alegre
embora breve
glória
História ínfima
efémera
ébria de candura
instante eterno
que não perdura
Momento superno
de desejo
e de amor
é o beijo terno
de uma flor
Vale de Salgueiro, sábado,
24 de Novembro de 2012
Henrique Pedro
terça-feira, 14 de junho de 2016
O lugar de Deus está vago e a concurso
Quem não sentiu já
um vácuo na alma
um vazio no coração?
Porque perdeu um ente querido
chegou ao fim uma paixão
caiu no olvido
de alguém
caiu no olvido
de alguém
porque não se encontra
ou sofreu uma grande desilusão
Ou por mera angústia constitucional
E quantos não ocuparam esse espaço vazio
com sarcasmo
riso idiota
obscenidade
álcool
droga
raiva
revolta
ódio
agressividade?
Pois é…
ou sofreu uma grande desilusão
Ou por mera angústia constitucional
E quantos não ocuparam esse espaço vazio
com sarcasmo
riso idiota
obscenidade
álcool
droga
raiva
revolta
ódio
agressividade?
Pois é…
mas o vazio continua lá
em aberto
em aberto
a doer e a causar dor
sendo certo que só o amor
de verdade
sendo certo que só o amor
de verdade
o poderá preencher
porque esse é o lugar de Deus
Lugar que está vago
porque esse é o lugar de Deus
Lugar que está vago
e a concurso
e a ele concorrem
todas a forças do mal
quinta-feira, 9 de junho de 2016
Deu-me a provar o seu corpo
Trazia
fogo no ventre
os seus
seios ardiam
e os seus
lábios queimavam
ainda
mais que os meus
Envolveu-nos
o vento da paixão
que nos
obscureceu a Razão
Deu-me a
provar o seu corpo
para
sentir o sabor do meu
Sem
saber bem o que fazia
já que nem
o seu
nem o
meu coração
reconhecia
nem eu
sabia nada de mim
Acabámos
por saborear
na
verdade
o que apenas
era suposto provar
Tanto
assim que acordámos aprovar
e
apalavrar
a
palavra amor
para uma
próxima oportunidade
sexta-feira, 29 de abril de 2016
Um sopro divino
Há um
sopro divino
que
dentro de mim sopra
sem
parar
e sem
tino
Que procuro
entender
e diferenciar
Sopro que
me vai na alma
e não
me vem do corpo
E me
leva a poetar
como
forma de me libertar
Uma
sensação estranha
de me
sentir preso
à sanha
do desejo
ensejo
de me soltar
De
querer ser
como a luz
das estrelas
que
depois do astro morrer
continua
a brilhar
Pura
poesia
quando o
estro se finar
e se
perder no vento
Vontade
de viver
fora do
espaço-tempo
sábado, 23 de abril de 2016
Poema acabado de florir com a Primavera
O vento arrasta a chuva por mim a dentro
em bátegas de impaciência
Mergulho numa aborrida dormência
Procuro sinónimos de mim e de Primavera
a mais bizarra sinonímia que posso imaginar
Sou um novelo de liberdade
em que me enredo e emaranho
quando apenas pretendia me libertar
Um emaranhado de amor
de tanto amar
Uma nuvem negra de angústia
uma borbulha de ansiedade
um cachão de raiva
um furúnculo de repulsa
um borboto de lixo
uma ampola de azia
um balão de demência
um poço de loucura
uma câmara de tortura
uma catedral vazia
Acordo
Havia adormecido
sem me ter apercebido
nem dar pelo tempo passar
já há sol a fulgir
lá fora
à minha espera
Sorrio
agora
dentro de mim
há um botão de flor a desabrochar
um poema acabado de florir ao romper da Primavera
Vale de Salgueiro, segunda-feira, 29 de Março de 2010
Henrique Pedro
Subscrever:
Mensagens (Atom)