Apalpando a alma
Afago a cabeça
Mimoseio-me
numa
tentativa de me encontrar
mas não
me encontro
nem é a
mim que tacteio
Não me
enxergo
no crânio
escalvado
acabado
de sair do barbeiro
Mas
sinto uma sensação
suprema
que me
percorre o corpo inteiro
me
pacifica
e me acalma
o coração
embora
esprema
a Razão
Transfiro-me
para as cabeças dos dedos das mãos
com que
apalpo a caixa craniana
em que
se aloja o encéfalo
Sinto-me
no
curto-circuito que se estabelece
entre a
pele dos dedos
e a
Mente
sucedânea
E dá-me prazer
ficar assim
por
momentos
a andar
à roda
atrás de
mim
como
pescadinha de rabo na boca
de olhos
vendados
a jogar comigo
à cabra-cega
Que
melhor prova posso querer
da
existência de mim
se é a
minha alma
que a si
própria
se
apalpa?!
in Anamnesis
(1.ª Edição: Janeiro de 2016)
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