Há na minha
aldeia uma Cruz
Iluminada
Desmedida
Que todas as tardes
se acende
E eu vejo
recortada no horizonte da noite
Desde o sítio onde
moro
Agora que já são
quentes as noites de Primavera
E as tílias
impõem o seu doce perfume
Aos demais odores
que povoam a atmosfera
Também eu me inebrio
por dentro
E confundo pensamento
com sentimento
Enquanto espero
que a lua cheia se levante
Suave
Com seu véu resplandecente
Mesmo por de trás
da Cruz iluminada
Que se recorta no
horizonte do céu
Da minha aldeia
Atrai-me o
confronto do brilho diamante da Lua
Recortada na
negritude do Universo ponteado de estrelas
Com o fogo da luz
da Cruz iluminada pelos homens
E é no exacto
momento em que a Lua enquadra toda a Cruz
Envolto de
soledade e quietude
Que fico sem
saber distinguir
Que coisas são
amar e sofrer
Presente e devir
Pecado e virtude
Então aspiro
apenas ser um todo
Sem dores ou amores
Sem distinção
entre pensar e amar
Limpo de dúvidas
e de angústias!
Será isso Deus?
In Angústia,
Razão e Nada (Editora Temas Originais-2009)
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