Numa noite gélida de Inverno
de corpo a coberto da geada cortante
pelo calor de mantas e lençóis
que é quando melhor o sono sabe!
E no Firmamento esférico
pequeninos sóis cintilantes
iluminam visões de irrealidade
E como o espírito nunca dorme
mesmo se a mente adormece
sonhei um sonho feérico
colorido como o tecto da Capela Sistina
e palpitante de vida como as figuras irreais
que os geniais pincéis de Miguel Ângelo
ali pintaram para a posteridade
As cinco Sibilas me falaram, no sonho, uma a uma
misteriosas e belas como se impunha
Falou primeiro, Ciméria, sacerdotisa de Apolo
que me disse com voz firme e grave:
- O verdadeiro problema da Humanidade
não é o aquecimento global ou
o carvão!
E a segunda foi Prisca, a Eritreia
que disse tão enigmática como a primeira:
- Nem a escassez de alimentos!
E a terceira foi Dafne, a Délfica
por sua vez mais estranha que a segunda:
- E muito menos a desertificação!
E a quarta foi a sibila Líbia
que disse mais enigmática que a terceira:
- Também não é a guerra!
E a quinta foi Sambeta, a Pérsica
também ela misteriosa e séria:
- Nem sequer o moderno terrorismo!
Levantei a voz, perplexo, para as interpelar:
- Fazeis jus ao nome, sois enigmáticas e sibilinas!
Quais são então os problemas da Humanidade?!
Qual é a vossa verdade minhas meninas?!
Responderam-me as cinco de pronto
em uníssono e sibilino coro:
- Os verdadeiros males da Humanidade
que ameaçam converter a
Terra
num planeta estéril e vazio
e desabitado como Vénus e
Marte
são a Mentira insidiosa
que mata a Verdade e mina
a Civilização
a Ganância desenfreada
que deixa a maior parte
sem pão
porque tudo quer e não
respeita nada
o Vício generalizado
que mata o corpo e
embrutece a mente
a Vaidade demente
que divide e humilha toda
a gente
e a Intolerância cruel
que escraviza e endurece o
coração
Céptico e entristecido redargui desta sorte:
- Muitos humanos lutam para se libertar
para ter tempo de viver e amar
mas nenhum sobrevive à
morte!
Então as cinco esfíngicas figuras cantaram
em tom grave, pausado e melodioso
este presságio cruel que me fez acordar:
- Todos vós, humanos, sobrevireis à morte
porque sois Corpo mas também Espírito
e o Espírito é eterno e nunca morre!
Mas nem todos vós vos
libertareis da dor
e alcançareis o estado de
pleno Amor
antes ou depois de morrer
por não ser esse o vosso
querer!
Tratai que uma vaga de
Amor e Verdade
avassale toda a Humanidade!
e salvai a Terra, se a vós
vos quereis salvar!
Vale de Salgueiro, 29 de Janeiro de 2008
Henrique António Pedro
Tenho a mais absoluta convicção que terei um sono pleno de sossego e de muita paz, pois esses versos trouxeram-se esperança e assim estou muito grato.
ResponderEliminarPensamento profundo e adequado ao q se vive agora!
ResponderEliminarMuito agradecida pelas suas palavras
ResponderEliminarAgradeço a simpatia da sua visita e a generosidade de suas palavras, distinta amiga Thereza.
EliminarApesar de surpreendentemente proféticas e enigmáticas, as palavras soaram-me séricas aqui, assim, quando moldaste-as em poesia. Cumprimento-o!
ResponderEliminarAquele abraço carioca!