À hora a que os ceifeiros dormiam a sesta
Vou permanecer por aqui, por agora
postado neste meu calmo cais cósmico
natureza adoçada em ondas suaves de colinas
sobrevoadas por nuvens, no azul cerúleo
e por aves em revoada
que arrulham seus cantares de Primavera
desde o nascer ao sol-pôr, em divinas rotinas
de amor
Tudo observo e sorvo de alma calada
em espera paciente do dia em que irei renascer
Ainda não é a hora do crepúsculo
o sol mediurno ainda vai alto e queima
É a hora a que os ceifeiros dormiam a sesta
descansando da longa e penosa madrugada
Assim desejaria eu viver para sempre
fazendo do presente um eterno devir
malgrado os ventos desta angústia estranha
de um dia ter que partir
tenha eu, para tanto, coragem tamanha
Há já uma eternidade que espero
sem saber bem porque assim vivo
neste espaço-tempo feito de espuma
e de bruma
Mas esperarei mais outra eternidade
se necessário for
porque não duvido do Amor
acredito em Deus
e estou certo de ser eterno
E nunca digo adeus a ninguém
nem a coisa nenhuma
Vale de Salgueiro, 1 de Maio de 2008
Henrique António Pedro
sábado, 4 de maio de 2013
À hora a que os ceifeiros dormiam a sesta
sábado, 27 de abril de 2013
O nosso fim é ser anjos
sexta-feira, 26 de abril de 2013
Siddhartha
quinta-feira, 25 de abril de 2013
As armas de Abril não chegaram a florir
O País está em crise
a Nação em comoção
O Estado foi espoliado
a Pátria expatriada
a República traída
a Língua assassinada
a Democracia pervertida
À História roubaram a glória
Ouvem-se Álvares Pereira, Gama e Camões
Albuquerque e Vieira
Santo António de Lisboa e Fernando Pessoa
a protestar
As armas de Abril não chegaram a florir
Há cardos a florear na lapela
dos campeões do regime
democracia do crime
nova ditadura dos donos da fartura
da vida boa e bela
a cantar e a sorrir
E há cravos a cravejar o peito do povo servil
cravados pelo socialismo radical
pelo capitalismo mais vil
os traidores de Portugal
Nas ruas da amargura batem os corações
das multidões esfomeadas
injustiçadas
dos sem eira nem beira
a reclamar
A cantar um canto de desencanto
em seu peito febril
a jeito de quem diz: retomai Abril!
com verdade e em liberdade
votar já não basta
já de nada vale votar
A Bem da Nação, portugueses, gritai basta
votai sim, mas dizei não!
Vale de Salgueiro, quarta-feira, 8 de Dezembro de
2010
Henrique António Pedro