Os
cinco entes que sou
Afectado de soledade
fascinado de quietude
essa virtual virtude
que leva o corpo a espairecer
diluo-me no tempo
ao entardecer
Mergulho o cérebro no éter
que adormece
E enquanto o corpo desfalece
e a alma se banha no luar
o espírito pôe-se a divagar
Assim dividido
melhor me diviso
nos cinco entes distintos que sou
e que andam amarradas à vida
e à sorte:
- O corpo que sente
- A razão que raciocina;
- A alma que paira para a morte;
- E o espírito que livre,
vive
mas não
morre
E o outro, ainda
que não sou
mas quero ser
Vale de Salgueiro, quinta-feira, 30 de Julho de
2009
Henrique António Pedro
in Introdução à Eternidade
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1.ª Edição, Outubro de 2013