A SEREIA DO AÇUDE DE
MIRADEZES
(Sereia de água doce)
Sento-me
Numa
pedra
No
idílico açude de Miradezes
Onde
por vezes
Me
refresco e reflicto
Eis
que num gesto inusitado
Se
vem sentar a meu lado
Uma
jovem sereia
Despida
De
biquíni amarelo ajustado
Ao
corpo mais belo
Que
alguma vez já vi
E me
sorri
Sedutora
Escultural
Monumental
tentação
Enquanto
com o dedo polegar do pé
Acaricia
as águas mansas
Do
meu rio Rabaçal
Que
corre manso
No
pino do Verão
À
falta de melhor ideia
Falo-lhe
de poesia
Com
alegria
Qual
não é o meu espanto
Porém
E sem
que lhe haja dado motivo para tanto
Começa
a brincar comigo
Amorosa
E maliciosa
Também
Provoca-me
Com
desenvoltura
Agrarra-me
na mão
Sinto-me
perdido
De
desejo
Seguro
a dela
Num
ápice dá-me um beijo
Na
face
E
zás…
Lança-se
à água decidida
Arrastando-me
com ela
Para
uma líquida aventura
Mergulho
de cabeça
Surpreendido
Perco-a
Recupero
o sentido
Abraço-a
Escapa-se
Volto
a segurá-la
Já
não me escapa
Tento
beijá-la
Aconteça
o que aconteça
Diz-me
que não
E rende-se
Para
vencida
Me
pedir perdão
Deu
apenas para ficar a saber
Sem
fantasia
Que
o corpo das sereias de água doce é escorregadio
Causa
arrepio
E que
a poesia
Por
vezes
É
afrodisíaca
Numa
praia fluvial paradisíaca
Como
a do açude de Miradezes
Vale
de Salgueiro, sexta-feira, 11 de Julho de 2008
Henrique
António Pedro
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