Vou andar por aí
caminhar pelos campos
longe do asfalto das estradas
Tropeçar nas pedras dos caminhos à procura de
poemas
e de searas ondulantes ao vento
que me tragam esperanças
de que não irá faltar o pão nas mesas
nem sorrisos nas bocas das crianças
Vou ouvir o chilreio das aves nas devesas
seguir com o olhar o seu voo no céu
rezar para que não sejam sugadas pelas turbinas
dos aviões
nem que sobre a Terra caiam mais maldições
antes a cubra um véu
de verdade
Vou implorar a Deus que não haja mais almas presas
nas cadeias do esquecimento
e do abandono
e que antes possam usufruir a velhice
com alegria
poesia
e a meiguice
do sonho
da saudade
Hoje
vou andar por aí
caminhar pelos campos
longe do asfalto das estradas
para ter a certeza de que ainda é possível sonhar
Vale de Salgueiro, quarta-feira, 11 de Abril de
2012
Henrique António Pedro