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terça-feira, 14 de janeiro de 2025

O mais certo é eu não ser eu



Poderei ser eu mesmo, sim

e não ser mais ninguém

ainda assim

 

Poderei ter-me assumido, assim como sou

ainda no ventre de minha mãe

 

Mas pode dar-se a coincidência, também

de eu ser outro

em coexistência

com o eu que agora sou

 

Eu

um outro

ninguém

algum

ou nenhum

 

Neutro

 

Um pensamento impróprio

para consumo comum

 

O mais certo, portanto

será

quiçá

eu não ser eu

ser outro

que se ilude a si mesmo

e me engana a mim próprio

entretanto

 

Um encanto

 

Um outro que já fui

mas já não sou

 

Um outro que poderei vir a ser

mas ainda não sou

 

Um outro que serei se o for

 

Um outro eu

muitos mais

ou talvez nenhum

 

O mais certo é eu não ser eu

e ser outro

 

Vale de Salgueiro, domingo, 13 de Setembro de 2009

Henrique António Pedro

 

quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

UM CANTO INCOMUM


Não!

Decididamente

não sou poeta de epopeias

 

 Sou poeta do quotidiano

de ideias

de alegrias

de dores

e de amores

 

Um poeta comum

Ainda que incomum seja meu canto

Misto de pecador

 E de santo

 

Poeta das angústias

que acompanho

decomponho

e componho

em rudes melopeias

 

Poeta que canta o possível

o verosímil

o suportável

mais o inimaginável

 

Quando o amor mo permite

e deixa margem para poder escrever

quando a dor o admite

 

Apenas quando a dor se tolera

E outra coisa da poesia se não espera

Se canta a dor para a mitigar

Ou quando o amor abranda

Se canta amor para o amor relançar

 

Ou quando o espírito se acende

Em alegria incontida

E o poeta se rende

Ao fascínio do Universo

E de amor viver a vida

 

Sou um poeta comum

Ainda que incomum

seja o meu canto

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 21 de Outubro de 2008

Henrique António Pedro

 


sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Haja Paz na Terra Inteira



Se eu pudesse acabar já com a guerra

E decretar Amor e Paz por toda a parte

Com poesia ou qualquer outra arte

Nem um só dia ficaria à espera

 

A tantos humanos a guerra desespera

E tão grande é o sofrimento que comparte

Que urge erguer bem alto o estandarte

Da cooperação, na paz. por toda a Terra

 

Sem outra exigência ou condição

Que não seja amar-nos como Cristo diz

Como bons irmãos do fundo do coração

 

Fazer da Terra inteira um só País

E de todos os povos uma só Nação

Criar nova Civilização de raiz

 

Vale de Salgueiro, quinta-feira, 14 de Agosto de 2008

Henrique António Pedro

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Poema pequenino do meu Natal de menino


Quando ainda eu era pequenino

lá na minha aldeia

ainda se escrevia e lia

à luz da candeia de azeite

não havia sequer televisão

 

O maior deleite do coração

era ouvir e contar

histórias de amor e de encantar

ao calor da lareira

durante o serão

depois de cear a ceia

feita com amor por minha mãe

 

Pelo Natal porém

outra luz luzia

mas não era não

o luar dos pais natais

dos agentes comerciais

que hoje viajam de avião

 

Era a luz do Menino Jesus

que descia pela chaminé

pé ante pé

a hora já morta

já quase de manhãzinha

e nem sequer batia à porta

para não acordar ninguém

 

Era o encanto do Menino Santo

que por certo sem agasalho

e já a cair de sono

aquecia a Sua mãozinha

no borralho ainda morno

e sem se deixar ver

punha um presente no meu sapatinho

estando eu ausente

sem Lhe poder agradecer

 

Só depois o Divino Menino

voltava para junto de Maria

Sua Mãe

e de S. José

Seu Pai

para a manjedoira perfumada

acolchoada de palha doirada

em que acabara de nascer

lá na distante Belém

 

Era este o Natal sem igual

que os meninos pequeninos

como eu viviam com muita fé

fantasia

e indizível alegria

  

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 4 de Dezembro de 2009

Henrique António Pedro

 


quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

UBIQUIDADE



Diz-me

para me consolar

e iludir a minha saudade

que embora ausente

estou sempre presente

no seu coração

 

Que eu sou omnipresente

vá para onde ela for

esteja eu onde estiver

seja qual seja a condição

 

Mas eu

dela distante

não sei quem sou

ando inclinado

oblíquo

sem a poder esquecer

vivo em obliquidade

 

Sou um viandante “omniausente”

um desertor

livre na obscuridade

enjaulado no seu amor

 

Gostaria de ser ubíquo

de poder estar aqui e lá

ao mesmo tempo

em todo o lado

 

Vê-la

e tê-la

ainda assim

a ela a mim

e eu a ela

sempre abraçado

de verdade

 

Ainda que o amor

tenha o dom da ubiquidade

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 2 de Setembro de 2008

Henrique António Pedroo

 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Avé Maria (Bach, Gounod e Helene Fischer)


Algum querubim

por certo

dentro de mim

instante

me chama

 

Desperto!

 

Abro a janela de par em par

de pronto o Cosmos inunda o aposento

de rompante

 

Um vento de luz sopra raios rosa desde o Sol nascente

a alvorada entra luminosa no meu coração

que canta vitória

 

Os acordes espirituais de Bach e Gounod

complô de anjos e arranjos divinais

envolvem-me em explosão de alegria

e glória

 

Nos sons suaves dos violinos

ouço o ondulado de colinas verdejantes

salpicadas de papoilas e malmequeres

a energia telúrica que emana da Terra

força de paz que silencia a guerra

 

Os toques metálicos do piano

qual tilintar das estrelas a cintilar

não cessam de me encantar

 

A melodia me inebria

o meu corpo se quebranta

sinto-me a pairar

no ar

 

Mas é após que a diva Helene Fischer sua divina voz alteia

exaltando a perene santidade de Maria

galileia de Nazaré

que a minha alma se incendeia

na vertigem da Fé

 

Já não mora mais ali pois se evola

livre dos humanos misteres

e se empola

em êxtase de espiritualidade

e poesia

 

E também eu canto o sacrossanto canto

 

Avé Maria

cheia de graça

o Senhor é convosco

bendita sois Vós entre as mulheres 

e bendito é o fruto

do Vosso ventre

Jesus

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 14 de Setembro de 2009

Henrique António Pedro