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quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

Canto incomum



Não!

 

Decididamente

não sou poeta de epopeias

 

Sou um poeta comum

Ainda que incomum seja o meu canto

Misto de diabo e de santo

 

Sou poeta do quotidiano

poeta de ideias

de alegrias

de dores

e de amores

 

Poeta das angústias

que acompanho

e componho

com rudes melopeias

 

Poeta que canta o possível

o verosímil

o suportável

mais o inimaginável

 

Quando o amor mo permite

e me deixa margem para poder escrever

quando a dor o admite

 

Ninguém canta quando está a amar

Tanto até se perder

Ou a muito sofrer

De tanto doer

 

Apenas quando já a dor se tolera

E outra coisa da poesia se não espera

Se canta a dor para a mitigar

Ou quando o amor abranda

Se canta o amor para o relançar

 

Ou quando o espírito se acende

Em alegria incontida

E o poeta se rende

Ao fascínio do Universo

E da vida

 

Sou um poeta comum

Ainda que incomum seja o meu canto

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 21 de Outubro de 2008

Henrique António Pedro

 

 

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