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domingo, 14 de dezembro de 2025

Hora de ponta


Tamborilo no tabliê
e assobio
ao ritmo do blue radiodifundido pela Rádio Renascença
parado no tráfego
que transita entre mim e as nuvens

De regresso a casa
à hora de ponta

Uma loira
no descapotável a meu lado sorri-me


Respondo
com sorriso similar
mas digo
baixinho
só para mim
« Que pena. Não vou para esses lados»

Na outra faixa
um sujeito corpulento abre o vidro
e grita para o da frente:
«Seu panhonha!»

Bem aconchegado no seu mini “smart “
o lingrinhas responde:
«Cona da mãe»
e arranca de supetão


Felizmente o semáforo abrira, porém


Infelizmente Portugal acabou por empatar
no jogo de abertura com a Costa do Marfim

Cada vez mais ruim
esta crise

 

Lisboa, quarta-feira, 16 de Junho de 2010

Henrique António Pedro

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quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

Há dias assim



Foi a primeira coisa que fiz mal acordei

 

Ir espreitar

sorrateiro

pela janela

desejoso de que o Inverno não tivesse ainda terminado

 

Pretendendo que o vento

e a chuva

e o frio

obstassem a que saísse de casa

e pudesse ter uma justificação

para permanecer amuado com o destino

 

Estava querendo continuar fechado dentro de mim

trancado por dentro

mergulhado na mais fria solidão interior

 

Sentado

impávido

imóvel

com as mãos a espremer o crânio

capaz de esborrachar o cérebro

e de abafar qualquer ideia de liberdade

 

Lá fora, porém

está um sol radioso

os campos já se recobrem de verde

ouve-se o trinado dos passarinhos

e já explodem em cor, som e luz os primeiros acordes da Primavera

 

Saio de um salto de dentro da minha nostalgia

mergulho no seio da liberdade

 

Todos os dias são assim

para mim

um convite a que saltemos de dentro de nós

logo pela manhã

afastemos o mau pensamento

e mergulhemos na alegria

 

Mesmo se chove

faz frio

e sopra o vento

 

Todos os dias acontece o milagre da poesia

 

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 17 de Março de 2010

Henrique António Pedro

 

 

domingo, 7 de dezembro de 2025

Melhor é amar e deixar o tempo passar


As folhas do calendário

ordenam o nosso fadário

 

Registam os dias

os meses e os anos

as alegrias

os enganos

o sofrimento

 

Os relógios marcam as horas

e as demoras

da felicidade a chegar

 

O coração bate ao ritmo da desilusão

 

Não há tempo a perder

melhor é esquecer

parar de sofrer

amar

e deixar o tempo passar

 

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 31 de Dezembro de 2012

Henrique António Pedro

 

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Clímax



Com o sono e o sonho

no clímax

do enlevo

e da lascívia

como se vivesse a vida sonhada

e a felicidade estivesse acordada

 

Quando me apetecia tudo menos acordar

eis que toca o despertador

a realidade desperta

fica a felicidade adormecida

 

Ó que estranha troca!

 

Abro a janela

aspiro ao ar fresco da manhã

a Natureza no seu esplendor

é outra fantasia

 

Será que de novo sonho?

 

Desperto no melhor da realidade

acordo no melhor do sonho

não durmo

nem discuto o dilema

simplesmente

vivo

 

Inalo uma pitada de poesia

e lavro este poema

 

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 13 de Abril de 2010

Henrique António Pedro

 

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Amor e Dor

 

 


Amor e Dor

(Heptassílabo ou redondilha maior)


É-nos dado bem saber

E sentir que o amor

É o oposto da dor

Vital no nosso viver

 

Seria bom, não sofrer

De amor sentir só calor

Sem haver dor ao redor

Viver só puro prazer

 

Não sabermos bem amar

Nem sabermos bem-fazer

É o amor aviltar

 

No sentir do sentimento

Ninguém se pode enganar

É puro conhecimento

 

Amor e Dor

(Decassílabo)

 

A todos nos é dado bem saber

E melhor sentir o que é amor

Porque é o contrário da dor

E parte vital do nosso viver

 

Melhor seria, sim, ninguém sofrer

Sempre sentir do amor o calor

Sem ter nenhuma dor em seu redor

Viver apenas de puro prazer

 

Porém, muito poucos sabem amar

E só por não saberem bem-fazer

Acabam por o amor aviltar

 

Amar com o mais puro sentimento

Sem a si próprio se enganar

É pura fonte de conhecimento

 

 

Vale de Salgueiro, domingo, 7 de Novembro de 2010

Henrique António Pedro

 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Que viva a poesia!


Que viva a poesia

esta infinita vontade de amar

de cantar

de dar e receber

e com amor adoçar o sofrer

 

Que viva a poesia

que expluda em alegria o desejo de ser livre

de abrir os braços ao sol nascente

e espalhar abraços por toda a gente

 

Que viva a poesia

este encantamento do pensamento

esta ideia de partilhar o nosso ser

pela Terra inteira

 

Que viva a poesia

que a partir daqui e de agora

deste lugar e deste país

seja de onde seja

seja onde for

tanto faz

se ouça com emoção a voz do coração

o grito da paz

que resplandeça de poesia

o mar de amor que há em nós

 

Que viva a poesia

esta inexplicável tropia

esta fantasia verdadeira

de que por força da verdade

a Humanidade será um dia

una

livre

feliz

inteira

 

Vale de Salgueiro, domingo, 1 de Agosto de 2010

Henrique António Pedro