A arte de ainda mais amar depois
e de mais sofrer
com fantasia
mesmo sem querer
depois que tudo se consumou
é a poesia
Quando a alma se parte
e reparte
depois que se perdeu
o amor
e se deixou
de sofrer
A poesia
é a música do silêncio e da solidão
a pintura sem tintas nem pincel
a escultura sem pedra nem cinzel
o desenho sem carvão
E o poeta é o artista
que continua a amar
quando já não tem amor
em seu coração
que continua a sofrer
quando já não sente dor
tudo se reduz a poesia
É o amante à procura de mais amor
pelo prazer de sofrer
o malabarista da alegria
E a poesia
é a arte de mais amar ainda
e de mais sofrer
depois
A sós
a dois
a mais
sempre
nunca
ou jamais
Depois
Vale de Salgueiro, sábado,
28 de Maio de 2011
Henrique António Pedro