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sexta-feira, 31 de março de 2017

Alguém me diz o que faço aqui?



Pergunto-me

desde que me conheço

e procuro-me

por toda a parte

 

Não sei quem sou

nem o que faço aqui

muito menos se me mereço

ou se alguém de si

igual tormento consigo comparte

 

Que missão é a minha?

Porque sina ando perdido

a mando de quem

amando e sofrendo sem tino

nem sentido?

 

Responde-me a Ciência com mil fórmulas

máquinas, computadores e televisões

a Filosofia com mil enigmas

a Religião com as melhores intenções

 

Não são essas respostas que eu espero

nem quero

mais ainda desespero

e se agravam os estigmas

 

Por isso com poesia eu lamento

esta vida angustiada

sem culpa formada

 

Na ideia de que me libertarei

anda que quando não sei

desta terrível cadeia

de desconhecimento

 

Vale de Salgueiro, domingo, 7 de Junho de 2009

Henrique António Pedro

 

terça-feira, 28 de março de 2017

Poisam poemas pela Primavera



O meu pensamento batia a todas as portas
angustiado
mas não tomava assento

E as palavras voavam em remoinho
como folhas mortas
pássaros sem ninho
ao sabor do vento

Mas eis que chega a Primavera
do nosso contentamento
tempo de alegria
reino da poesia

Agora as palavras voam livres
felizes
por toda a parte
como pássaros
como flores de todas as formas, sons e cores
de rara arte e beleza

Concertadas em versos
em poemas alados
amores perfumados
dispersos pela Natureza

Poemas que esvoaçam, poisam e chilreiam
por todo lado



terça-feira, 21 de março de 2017

Digam lá se isto não é poesia!



Digam lá se não é poesia
o começo da Primavera

Digam lá se não é poesia
o desabrochar de uma flor
a espera ansiada
e já com amor
da mulher amada
mesmo se ainda nem é
sequer
nossa namorada

Digam lá se não é poesia
o sorriso que a criança oferece
sem que se lho peça
mesmo que não se mereça

Digam lá se não é poesia
tudo receber com alegria
mesmo se não nos apetece
aceitar

Digam lá se não é poesia
tudo que oferecemos com fantasia
quando nada temos
para oferecer

Digam lá se não é a poesia
a mais linda forma de dar
e receber
que é
amar!

Vale de Salgueiro, domingo, 21 de Março de 2010
Henrique António Pedro


sábado, 18 de março de 2017

Ouço o eco da minha voz no infinito



Em dia-noite
escuro
chuvoso
e frio
tropeço numa pedra de silêncio cósmico

Caio
mas levanto-me
a custo

Venço o medo
e retomo o caminho
com os joelhos da Razão a sangrar
dúvidas e angústias

Paro
por fim
no umbral do templo do Tempo
esgotado o Espaço
e grito em silêncio:
- «Eu não reconheço nem aceito a morte!
Sou ou não sou filho de Deus?»

A minha voz ecoa no infinito
persiste

Ouço o eco

É tudo que me resta e me basta
embora nem saiba onde moro

Prova de que vivo
não morro
e Deus existe




sexta-feira, 17 de março de 2017

Quem tem olhos tem alma




Quem tem olhos tem alma
ainda que bom
ou mau
coração

Quem tem olhos tem alma
e pensa
embora possa não ter razão

Quem tem olhos tem alma
mas menos vê
se anda cego
de ambição

Quem tem olhos tem alma
e chora
embora possa chorar
sem sentir
compaixão

Quem tem olhos alma
e a luz do amor
no seu interior
embora possa não amar
por não querer

Quem tem olhos tem alma
embora possa não ver
nem acreditar




terça-feira, 14 de março de 2017

Pão, amor e poesia



Como o pão que me alimenta
é a poesia que me sustenta
me faz viver
lutar
sorrir
resistir

Porque há um nexo de esperança
de inabalável alegria
e verdade
na minha poesia

Uma constância de Fé
que tem no Amor a força maior
na Verdade o caminho
em Deus origem e destino
e só encontra fim na Eternidade

Às vertigens de angústia
que por vezes me assolam
temores de que me engano a mim mesmo
receios de que apenas iludo a minha dor
respondo com relances de espiritualidade
que me consolam
e iluminam a Razão

A minha poesia é teimosia
ardor visceral
intemporal
mais forte do que eu

Deus ma deu
a plantou no meu coração



sábado, 11 de março de 2017

O que mais a mim me faz pensar…





Ainda assim

o que a mim mais me faz pensar…

 

É justamente admitir que um dia

irei ter que me separar

daqueles que por tão bem lhes querer

ainda mais a vida me fazem amar

 

É pensar na razão de ser

de tão puro amor interior

e na dor

de um dia ter que os perder

 

Consola-me a ideia, porém

de que o Criador, para nosso bem

e para nos pôr a reflectir

assim o quis dispor

 

E por força desse pensamento

rasgar-nos o coração por dentro

a Alma e a Razão nos abrir

garantindo-nos a Redenção

numa terna e eterna união

 

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 27 de Junho de 2012

Henrique António Pedro

 

 

 

quarta-feira, 8 de março de 2017

Há sempre uma mulher que me inspira



Sempre que o meu espírito se diverte

sem que nada diga

à Razão

 

E procura na poesia

a luz

o sorriso da alegria

o sentido da vida

um lampejo de paixão

 

Há sempre uma mulher que me inspira

que me conduz

me excita o coração

 

Uma mãe

uma amiga

uma amante

vivendo perto

longe

distante

no além

 

O seu olhar

o seu falar

o seu amor

a sua dor

a sua recordação

semeiam na minha mente

a semente do dilema

que se acende

e arde em poema

 

Pensamento pensado com emoção

qual laivo de vento

que é tormento

agora

mais tarde

agora já não

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 16 de Novembro de 2010

Henrique António Pedro

 

Henrique António Pedro

in Mulheres de Amor Inventadas 

Copyright © Henrique Pedro (prosaYpoesia) 

1.ª Edição, Outubro de 2013 

Depósito legal n.º 364778/13 

ISBN: 978-989-97577-2-1

 

 

sexta-feira, 3 de março de 2017

Um poema poderá ser uma ave solitária




Um poema poderá ser uma ave solitária
ornada de penas

Que pousa
nas antenas dos telhados
ao lusco-fusco do fim do dia

E o seu canto o ciciar dos namorados
ao amanhecer
ou o simples roçagar de asas
do coração

Poderá ser uma ave solitária pensando na vida
a olhar  o mundo de cima
recortada no luar
à procura de que rumo tomar

Uma ave que solta um pio
levanta voo
e se perde no fumo
da imaginação

Um corvo sem alegria
da Lua enamorado
negro como a noite
à procura de um sol que o acoite

Um poema
bem poderá ser o que bem se quiser

Um pássaro
o Sol
a Lua
uma mulher nua poisada na rua
a poesia da criança a aprender a andar
para alegria dos pais

Um poema poderá ser tudo
aquilo que ao poeta aprouver
e ainda muito mais