Um poema poderá ser uma ave solitária
ornada de penas
Que pousa
nas antenas dos telhados
ao lusco-fusco do fim do dia
E o seu canto o ciciar dos namorados
ao amanhecer
ou o simples roçagar de asas
do coração
Poderá ser uma ave solitária pensando na vida
a olhar o mundo de
cima
recortada no luar
à procura de que rumo tomar
Uma ave que solta um pio
levanta voo
e se perde no fumo
da imaginação
Um corvo sem alegria
da Lua enamorado
negro como a noite
à procura de um sol que o acoite
Um poema
bem poderá ser o que bem se quiser
Um pássaro
o Sol
a Lua
uma mulher nua poisada na rua
a poesia da criança a aprender a andar
para alegria dos pais
Um poema poderá ser tudo
aquilo que ao poeta aprouver
e ainda muito mais
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