Alguém como eu
condenado às galés
e que seguia à
minha frente
por um caminho
empedrado
inadvertidamente
deixou cair a
alma
aos pés
Tilintou
saltitou
e acabou por se
ocultar
sem se partir
como se fora um
berlinde de cristal
incandescente
Em redor não se
via vivalma
e não adveio
daí
outro mal
ao mundo
ao mundo
Alguém que
seguia a meu lado
por um caminho
relvado
deliberadamente
deixou cair o
coração
soltando-o da
mão
Ouviu-se um
baque surdo
e ali ficou plasmado
como se fora um
pastel ensanguentado
vivo
a latejar
Alguém que
vinha atrás de mim
por um caminho
enlameado
irreflectidamente
deixou cair o cérebro
no chão
por erro de lógica
sem razão
Fez plof!
Ainda esbracejou
como se
ensaiasse nadar
mas acabou por
se afundar
e ali ficar atolado
com a
consciência à tona
por algum tempo
por algum tempo
como se fosse
uma azeitona
enquanto a
memória
diluída no
vento
apodrecia na
História
O primeiro
Alguém iluminou-se
sem combustão
O segundo apaixonou-se
ardeu
sem compaixão
O terceiro enlouqueceu
ninguém lhe
valeu
restaram os
ossos
Eu segui em
frente
por entre, cacos
e destroços
à procura do
meu berlinde irisado
que andará por
aí
perdido em qualquer
lado
a cair sem se
partir
Quando a alma
nos cai aos pés
partimo-nos
todos
espalhamo-nos
cada bocado para
seu lado
Só nos
levantamos por inteiro
se recuperamos
a alma
primeiro
mesmo se
perdemos a razão
e o coração