Neste mesmo local em que
ora me assento
donde diviso
todo o vale
perpassado
pelo vento da
recordação
Vivo com emoção o trágico
momento
tempo da
História já fora
da memória
com o
coração a bater
a querer
saltar do peito
sem jeito
de se conter
Sinto a terra a arfar
a pulsar
com a dor do pastor
Leonardo
morto ainda
criança
trespassado
pela lança do mouro javardo
que acaba
de o esventrar
E ouço os soluços de sua
irmã Comba
de bruços
a chorar
naquela
funesta manhã
O cavalo
alfaraz a
relinchar
com os
cascos a bater
qual
tenaz
na fraga
que se abriu
para esconder a Comba
cristã
Fraga que ainda guarda
a
ferradura gravada
a quente
jura muito
crente que bem
viu
Imagino agora eu a casta adolescente
a voar
Comba
feita pomba
a subir
ao Céu
Para virar santa
venerada
moira
encantada
que encanta o povo que
a canta
por toda
a Terra Quente
Henrique António Pedro
in
Anamnesis (Janeiro de 2016)
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