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sexta-feira, 26 de agosto de 2016

Com poesia a mim mesmo me engano



Confidencia-me o seu segredo mais íntimo

que silencio nos ouvidos

e sepulto no coração

 

Ouso ir mais além

porém

 

Codifico o segredo em poema

e lanço-o ao vento

também

 

Ficará bem melhor guardado

ainda assim

por todo o tempo

 

Porque a poesia é a arte de enganar

com a verdade

de esconder a tristeza com alegria

de disfarçar com amizade

a paixão

 

Por isso as palavras me saem da mente

agora

em torrente

sem chama

nem drama

nem razão

 

Concertadas em poema depenado

cujas pétalas perfumam o chão

agridoce

dessa doce intimidade

com que ela me desengana

sem me causar maior dano

 

Na verdade

sou eu que com poesia

a mim mesmo me engano

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 13 de Agosto de 2010

Henrique António Pedro


quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Poente




Caminho
recto
na direcção poente

De cabeça baixa
porque o Sol não me deixa que o olhe de frente

Sol que me aquece o corpo
me doira a pele
me energiza a alma
em tarde calma
quando ainda o horizonte s afasta de mim
se transfigura
volátil
e surge sempre mais além

Só no exacto momento em que o Sol se esconde
o consigo ver
transformado em arco resplandecente
que rápido se dilui em poalha de luz
morno calor
que me induz
a parar

Fico a pensar
extasiado
iluminado
pelo halo de amor
que persiste
dentro de mim