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terça-feira, 27 de setembro de 2016

Se assim bate o seu coração



Se o seu coração bate
assim
forte
a saltar fora do peito
feito cavalo à solta
é porque anda insatisfeito

Se o seu bater é de tambor
a rufar de dor
é angustura
que mal se atura

Se bate o coração
sem que se sinta bater
enquanto a mente pensa
com indiferença
e os olhos
olham
sem ver
é de desilusão
o seu bater

Se o coração bate
assim
forte
sem que se sinta bater
e o espírito voa
com alegria
leve
e livre
com poesia…

… é amor
nada o poderá deter

sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Aquela paixão não passou de um poema escrito num pedaço de papel que ardeu





Escrevi aquele poema na minha própria alma

com a tinta doirada do meu amor

e com toda a minha arte

na esperança de que ela o lesse

e o guardasse com o ardor

em seu coração

 

Ela tomou-o, porém

por um aparte

burlesco

literatura de cordel

 

Pediu-me

ainda assim

o que fiz com frenesim

que o escrevesse num pedaço de papel

que mal leu

e que depois de amassá-lo

acabou por cremá-lo

em fugaz incêndio

no grosseiro cinzeiro

de vidro vulgar

 

Sobrou um montículo de cinza

que com um sopro

leve

e um despiciendo piparote

sacudiu do decote

 

Não tem porque se lamentar

agora

que anda perdida

a esmo

a lamentar-se de não me ter dado a merecida atenção

 

Aquela paixão

indevida

não passou disso mesmo

 

De um poema que escrevi

com frenesi

num pedaço de papel

que ardeu

só porque ela não o mereceu

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 29 de Novembro de 2011

Henrique António Pedro

 

 

 

segunda-feira, 5 de setembro de 2016

Só de olhar



Já a Primavera se transmuda em Verão

Já o Sol se põe e muda de posição

deixando atrás de si um resplendor alaranjado

que se desvanece e me deixa extasiado

enquanto o céu escurece

e a Terra se encobre de escuridão

 

Já a Lua brilha cristalina

já se acende a estrela vespertina

depois outra após outra

marchetando o Firmamento

que por fim se ilumina de cerúleo polimento

mais abrangente

 

Nenhuma ideia brilhante

nenhuma palavra redundante

uma rima sequer

indiciam poemas na minha mente

 

Nem eu tristonho me predisponho a poetar

assim mergulhado na soledade do fim do dia

extasiado com a serenidade da contemplação

 

Sob o olhar da Lua

que em silêncio percorre o céu e me olha

como se estivesse ali postada

ela sim

para a mim me contemplar

e cobrir com o seu véu

 

Mas eu não tenho dilemas

penas para espiar

ninguém para namorar

nada de poemas

um verso que seja para escrever

apenas solidão

 

Nada à Lua posso dar

nada a Lua me oferece

à Lua nada pedi

 

A poesia acontece

por si

mesmo sem inspiração

 

Só de olhar

 

Vale de Salgueiro, 20 de Junho de 2012

Henrique António Pedro