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terça-feira, 27 de novembro de 2012

Silêncio de amoroso comprometimento

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Dava para ouvir o vento

e o mar

os corações a bater

em silêncio de amoroso comprometimento

 

Eram o vento

o mar

os corações já abraçados

a dizer

«amar, amar, amar…»

 

E nós embaraçados

a sussurrar

baixinho

tão baixinho

que se ouviam os olhos

a gritar:

«Amooo-te»

 

Mas nós não sabíamos quem

quando

e como

começar

 

Como desatar

aquele doce silêncio de amoroso comprometimento

 

^^

domingo, 25 de novembro de 2012

E a paixão também poderá ser…

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E a paixão também poderá ser

uma momentânea loucura

que nos toma por dentro

nos destabiliza por fora

e em pouco tempo

deita tudo a perder

 

Um já sofrer

antes mesmo de que nada nos faça doer

embora já sabendo que tal

nos irá acontecer

 

A origem de uma vertigem

que nos leva a nos precipitar

no fogo que nos irá queimar

 

A euforia de uma alegria

sem igual

que nos embriaga

mas que não entendemos

e que acaba por nos abrir uma chaga

no coração

de que só nos apercebemos

quando já não tem reparação

 

E a paixão também poderá ser…

só um querer sofrer

 

^^

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

É pecado emigrar

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É pecado emigrar

abandonar

a nossaTerra Mãe

 

Deitar ao abandono

seus campos, ares e mares

dar a pátria a má lei

e a grei a mau dono

 

Entregá-la ao desdém

de quem

arma a polícia

com estultícia

e dá pedras ao vilão

por omissão

 

É pecado emigrar

abandonar a nossaTerra Mãe

 

Sem saber

quanto se irá sofrer

de saudade

em terras estranhas

 

Só a nossa Terra Mãe

gera em suas entranhas

o pão

o mel e o azeite

o leite e o luar

capaz de nos alimentar

com o mor deleite

do seu amor

 

Só a nossa Terra Mãe

guarda no seu seio

o justo anseio

do nosso coração

 

Terra Mãe que precisa de novo

da força do seu povo

para os campos semear

e a liberdade defender

 

E à juventude

povo impoluto

cabe a virtude de se erguer

e se revoltar

contra o regime corrupto

 

É forçoso ficar

não fugir

resistir

salvar o devir

 

^^

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Uma amargura da largura da Terra

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O meu estado de espírito dominante

mais do que uma angústia insana

é uma amargura amarga

angustiante

violeta

do tamanho do Planeta

 

Ante a pobreza

a violência

a injustiça terrível

que grassam sobre a Terra

e a ferocidade com que o homem maltrata a Natureza

 

Ante a minha impotência

para algo fazer de visível

Não me sinto suficientemente mau

para neste mundo triunfar

nem bom bastante para me auto imolar

e sorrir

 

Por isso me refugio

me escondo

no mais profundo do meu ser

por não saber

para onde ir

 

Já não há selva

deserto ou montanha

bairro clandestino

artimanha ou destino

longe ou perto

aonde me possa esconder

 

E assim viajo sem tino

para o local mais distante do Cosmos

que me é possível imaginar

 

Embora saiba que nem mesmo aí

me poderei salvar

^^

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Escrever no escuro

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Penso e escrevo

no escuro

 

De mente iluminada

de nada

e sem olhos para ver

 

Como se de olhos fechados

em folha de papel em branco

 

Apenas vejo gatafunhos

que me angustia decifrar

 

Por isso

nem sempre

nem eu

nem ninguém

sabemos ler

o que queremos dizer

 

^^

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Poesia. Nada mais. Tão só.



Poderá nem ser

sequer

murmúrio

 

Poderá ser

somente

pensamento solto

palavra desbocada

lançada ao vento

ainda assim

 

Ideia que a passar

de mão em mão

e a dar a volta à Terra

haja paz ou haja guerra

 

Pomba de paz

borboleta de ilusão

quiçá falcão de guerra

grito da mais obscena miséria

 

Poderá ser flor

antúrio perfumado

jasmim sem jardim

arrulho de namorado

 

Poderá ser palavra perfumada

trabalhada com dor

amor

dilema demente

 

Poderá ser o que aprouver

indiferente ao que vier

e ao demais

 

Será apenas poesia

sempre e sem dó

 

 Nada mais e tão só

 

 

Vale de Salgueiro, quinta-feira, 6 de Novembro de 2008

Henrique António Pedro

 

 

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Mais fácil ainda é amar

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Sonhar

é acreditar

seja lá no que for

 

E afinal é tão fácil sonhar

e sem dor

 

Basta olhar distante

perder a noção do tempo

e deixar-mo-nos levar

num instante

 

Como fácil é voar

 

Basta subir

a um ponto alto

abrir a asas

e deixarmo-nos cair

sem sobressalto

 

Como fácil é navegar

 

Basta entrar na corrente

e deixar-mo-nos ir

ao sabor do vento

 

Mas mais fácil ainda é amar

 

Basta sorrir

a esmo

que o amor se basta

a si mesmo

 

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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Sonhos suspensos

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Folhas dependuradas nos ramos das árvores

que se libertam pelo Outono

se a brisa

ou o vento

chegam a tempo

de os empurrar para longe dali

levando-os a perderem-se na estratosfera

fugindo a ser húmus

 

Sonhos do espírito

a que o corpo não responde

em seu sono

 

Pesadelos de acordar

na cama da amante que nos abraça

com as pernas e as coxas

pelos quadris

mas nada nos diz

 

Sonhos que sonhamos

mas nada acontece

e que melhor será

nem sonhar

 

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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Só ama quem tem a alma acesa de amor

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Um penedo

surdo e mudo

que seja

perdido no seio da floresta

ou no descampado do monte

é amado pelo poeta

que ali sentado

se perde no horizonte

 

Votado a amar os seres

e as coisas

a quem ilumina

com a luz da poesia

e lhe recolhe o reflexo

 

Mas só ama

quem tem a alma acesa

de amor

capaz de lhe iluminar

o coração

 

Como o Sol

que durante a noite alumia

a Lua

cuja luz reflecte

em luar

 

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