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segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Como pode a vida ter por fim a morte?


 

 

Como pode a vida ter por fim
a morte?

Ainda que o fim da vida
seja morrer?

Se viver
é uma caminhada interior
por mundos de dor
e de amor

Por espaços abertos
de ideias
e de afectos
a meias com o mundo exterior

É vencer montanhas de glória
de derrotas sem história
selvas de ambição
desertos de sonhos
pântanos de frustração

Sem se poder parar
ou sequer descansar
porque o coração não pára de bater
nem o cérebro de pensar
nem a alma de sentir

Se morrer é apenas desistir
de acreditar

E viver é libertar!

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Mil virgens fatais




Tão curtos são os meus passos
tão frouxos os meus abraços
tão limitado o meu olhar
tão falível a minha mente
que duvido que algum dia
mesmo por fantasia
possa deixar de ser gente
e vir
a ser
deus                           

Anjo sequer

Muito menos se me fizesse deflagrar
fosse porque causa fosse
mesmo por uma só qualquer
mulher

E como poderia eu
tirar gozo de mil virgens fatais
num paraíso irreal
sem pernas
nem braços
sem pénis e sem beiços
com que as pudesse possuir
e amar?

Jamais

Nem mesmo imaginar

Trágico será 
imaginar
e sorrir

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 18 de Fevereiro de 2011
Henrique Pedro