Ave triste
parda
parada
Pousada numa árvore isolada
recortada na neblina do tempo
nua
no ermo
Ave parda
pousada parada
calada no silêncio em que se cala
e angustia
Ave despassarada
que nenhum grito
eco
ou vento
espanta
Tristeza
que de tão triste
só ao poeta encanta
Ave parda pousada
parada à espera de levantar voo
Para ser alegria
Amanhã