Eu não valorizo o que
escrevo
faça-o no vento
na água
no tempo
ou noutro meio qualquer
Muitas vezes nem sei o que digo
o que faço
ou semeio sem querer
ainda que tudo que escrevo
tenha um fim
e um sentido
Gostaria de saber sim
as mil coisas que outros leem
naquilo que escrevo
com enlevo
Cada um à sua maneira
seja qual for sua cor
a sua bandeira
a sua graça
ainda que o lendo
se faça desentendido
A mim
basta-me pensar
que cada novo verso
que eu publicar
por mais bisonho
abre um novo universo
que irá povoar
com um novo sonho
E que assim sendo
não serei só eu
a sonhar
Vale de Salgueiro, terça-feira, 22 de Junho de 2010
Henrique António Pedro