Bebo café
em pé
ao balcão de uma qualquer pastelaria
O meu espírito anda longe dali
os olhos passeiam-se
absortos
por todo o lado
repousando vagamente em quem entra
e quem sai
sem segunda intenção
Neste ínterim
a empregada
mulher linda
traz-me um pastel de nata
e pergunta-me se quero canela
A nata não seria para mim
mas de pronto respondo que sim
com mesura
e mais digo sem pensar
tocado pela sua formosura
que a quero a ela
Em dois momentâneos lapsos de tempo
acontecem dois simultâneos amorosos lapsos de
memória
de amor, café e canela
agridoce rapapé
sem vanglória
Fiquei sem saber quem eu era
onde estava
o que fazia ali
e qual seria o meu papel na história
Ante o meu embaraço
a empregada
sorri
ruborizada
Oh, que dilema!
De pronto recupero a lucidez
anoto o sorriso
perdão
o poema
num guardanapo de papel
sem mais demora
A empregada sorri-me outra vez
agora descarada
de soslaio
mas eu sem mais nada
saio
Venho-me embora
não vá ter outro relapso lapso de memória
Vale de Salgueiro, sexta-feira, 11 de Dezembro de
2009
Henrique António Pedro
Poema tão lindo!
ResponderEliminarPor quê foi embora? Vou reler ,porque é algo mágico.
Ah! Pastel de nata!Lembrei-me do.pastel de Belém.
É o mesmo? Amo os pastéis!.
Vou compartilhar o poema agora.
Beijos da amiga
Imaculada Campos
Fantástico poema Henrique desejo lhe um Natal feliz Com muitas rabanadas e filhoses com muita canela e com umas tronchas das nossas e as belas rabas que só assim o bacalhau é transmontano Um abraço
ResponderEliminarNão era Anónimo mas sim António Silvestre de Abambres
ResponderEliminarAgradeço e retribuo com profunda amizade os votos de Boas Festas, no melhor espirito transmontano. Quanta saudade, amigo, António do calor da lareira e, sobretudo, do afectos doas nossos pais e avós. Abraço fraterno.
EliminarUma maravilha!
ResponderEliminarQue maravilha, receber noticias do Duarte Manuel! Abraço fraterno.
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