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sábado, 23 de março de 2013

A verdade…é que…




A verdade…
é que a fraga informe
se não transforma em estátua
só pela acção do vento
da chuva
e do tempo

A verdade…
é que só no reino da fantasia
a estátua ganha vida
por um sopro de magia

A verdade…
é que não basta sonhar
para a obra se erguer
é preciso suar

A verdade…
é que não basta esperar
para o homem se converter
e em santo se transmutar
é preciso porfiar

A verdade…
é que não basta morrer
para o espírito livre
se salvar

A verdade…
é que é preciso querer
viver
sofrer
e muito amar

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sexta-feira, 22 de março de 2013

Anamnese



Há quadros dependurados

inclinados

no mural da minha memória

 

Que me apraz deixar assim

empoados

contrastando com as colunas jónicas

que alicerçam a lembrança

 

São eventos suspensos no tempo

efeméride efémeras

 

Quimeras

de que já nada se espera

 

Amores que se diluíram em dor

até se esquecer

 

Afectos pendentes

para sempre

a fazer-me lembrar que a história

se não faz de memória

mas de esquecimento

 

Esquecer não é apagar da recordação

é varrer do coração

 

Anamnese é a exegese

de uma paixão

 

Vale de Salgueiro, sábado, 11 de Agosto de 2012

Henrique António Pedro

 

NOTA : Publicado posteriormente no livro de poemas Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de 2016)

Depósito legal:  404160/16  ISBN:  978-989-97577-52

 

 

 

quarta-feira, 20 de março de 2013

A Poesia é a coisa mais reles que existe





Não dorme
não come
não descansa

Dança noite e dia
passa de mão em mão
num permanente afobo
vai para a cama com toda a gente
e anda na boca do povo

Então agora com esta coisa de Internet
é um desaforo
é demais

A coisa mais reles que existe
é a poesia

A toda a hora ela aí está
a saltar de continente
para cá e para lá
entre portugueses e brasileiros
e outros forasteiros
tudo gente demente

Tenham dó!

São milhares que se envolvem
com as poesias
e se entregam a confidências
dislates
disparates
até a traições matrimoniais, vejam só!
e a outras tantas fantasias

É demais!
A coisa mais reles que existe
é a poesia

Se a poesia fosse mulher
eu casava com ela

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terça-feira, 19 de março de 2013

Ando passeando a minha angústia pelos campos




Ando
passeando
a minha angústia pelos campos

Esta angustura constitucional
que me amargura
sem saber de onde vem

Caminho
tentando encontrar a causa
dentro de mim
e mais além

Terá origem endrócrina
química
alguma glândula que esteja a funcionar mal?

Será um vento cósmico
um sopro divino
no meu destino?

Sei lá!

Nem me importa
por ora
saber
ser poeta é viver
nesta condição
de angústia global

No dia em que deixar de a sentir
por certo
irei
parar

Para morrer
ou me salvar

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domingo, 17 de março de 2013

Sempre que Deus trabalha fora de horas




 Sempre que Deus trabalha fora de horas

Sempre que Deus trabalha fora de horas

a reescrever o poema da Criação

à luz das velas que são as estrelas

também eu sinto e pressinto

em meu coração

que a divina meditação

se reflecte em mim

 

A noite cai em silente silêncio

pura quietude de feérica beleza

um manto de virtude intemporal

estende-se por sobre a Natureza

e o Firmamento brilha

de um brilho sobrenatural

 

Pela janela do Cosmos

que o Criador deixa entreaberta

sopra o vento do sofrimento da Humanidade

orações de mil corações

que fazem as estrelas bruxulear

 

Acalma-se então a alma de uma doce soledade

o espírito voa Universo fora

toma conta da razão o doce dilema da inspiração

acende-se uma vela de verdade na eternidade

 

É a hora a que o poeta desperta

e começa a sonhar

um sonho inexplicável

 

E acrescenta pela mão de Deus

um verso simples dos seus

ao poema admirável da Criação

 

Vale de Salgueiro, quinta-feira, 16 de Outubro de 2008

Henrique António Pedro


in Introdução à Eternidade (1.ª Edição, Outubro de 2013)


 

 

terça-feira, 12 de março de 2013

Que seja já amanhã o futuro




Males e vícios

perdem-se

na origem dos tempos

 

O presente

exacerba-se

em mentiras

maldades

falsidades

 

As virtudes

foram remetidas

para os confins do futuro

 

Sinais claros

de que a Civilização caminha

para o fim

 

Que seja já amanhã

o futuro

que o presente seja para esquecer

e o passado

o seja para sempre

 

Ou será que melhor será

tudo olvidar?

 

Vale de Salgueiro, domingo, 15 de Maio de 2011

Henrique António Pedro