quinta-feira, 25 de dezembro de 2014
Cosmos e caos
Todas as noites
quando abro a
porta
e saio de casa
deparo com a
fascinante formosura do Firmamento
E muitas vezes
acontece
a esmagadora
dimensão do Universo
e a ordem cósmica
o sincronismo dos
astros
e a pujança da
vida que me envolve
lançarem dentro
de mim a angústia
e o caos das
ideias
Será mesmo Deus
um Ser aleatório
estatístico
probabilístico
para Quem ser bom
ou mau tanto faz
e que atende às necessidades
dos homens
conforme lhe
apraz?
Que a uns lança
no caos da dor
os condena à
inevitável miséria
e a outros
beneficia com a ilusão da glória
uma vida bem mais
sadia
premiando até
a mais desumana
rebeldia?
Ou será que não existe
no Cosmos
o caos
e que apenas mora
no espírito do homem
que só por isso
se angustia?
Sempre
em jeito de
resignação
e de admissão de
culpa subliminar
pressupondo que
cumpro um castigo
eu mesmo me
respondo
e me bem-digo
para me
tranquilizar
O caos e a dor dimanam de uma ordem menor
Uma força maior
a que chamamos
Amor
emana de uma
entidade superior
sábado, 20 de dezembro de 2014
De tão triste, encanta
Ave triste
parda
parada
Pousada numa árvore isolada
recortada na neblina do tempo
nua
no ermo
Ave parda
pousada parada
calada no silêncio em que se cala
e angustia
Ave despassarada
que nenhum grito
eco
ou vento
espanta
Tristeza
que de tão triste
só ao poeta encanta
Ave parda pousada
parada à espera de levantar voo
Para ser alegria
Amanhã
segunda-feira, 10 de novembro de 2014
Palavras escritas com a tinta do coração
Escrevi umas tantas palavras
escritas
com a tinta do coração
Que verti
em taça de cristal
à hora do meio-dia
quando o Sol está mais vertical
tal a paixão que em mim
ardia
Enchi esse vaso cristalino
de luar
que era o meu desejo de a amar
Julgou ela que era perfume
que eu lhe oferecia
Aspirou-lhe o aroma
tomou-lhe o sabor
sem se aperceber
que era um filtro de amor
que a incendiava do lume divino
da paixão sem contrição
Verti
por fim
mais e mais palavras de poesia
e de alegria
no rio do destino
E assim a seduzi
a ela
e me redimi
a mim
terça-feira, 4 de novembro de 2014
Este meu canto é um pranto
Já me dói o peito
deste jeito de cantar
Este meu canto é um
pranto
que canto
para me olvidar
Daquela vez que sorri
sem saber o que fazia
tão pouco que me perdia
porque de amor me
prendia
Agora, sim, sei
que me perdi
muito embora ainda
assim
continue a cantar
este meu canto
que é um pranto
de verdade
Não por gosto de penar
ou por gozo de sofrer
deste amor que é dor
tão só para esquecer
esta sofrida saudade
sexta-feira, 31 de outubro de 2014
Anuncie aqui!
Talvez agora
com a
crise
precise
de
psicanálise
Anuncie
aqui suas dores
angústias
amores
sonhos
e desilusões
As
vendas estão garantidas em todos os balcões
e a sua
facturação crescerá sem parar
não se
irá arrepender
A menos
que pretenda comprar…
também
tenho para dar
e vender
Anuncie
aqui, neste link:
Aberto
vinte e quatro horas por dia
Como
prémio receberá…
poesia
sexta-feira, 24 de outubro de 2014
Com poesia a mim mesmo me engano
Confidencia-me
o seu segredo mais íntimo
que
silencio nos ouvidos
e sepulto
no coração
Ouso
ir mais além
porém
Codifico
o segredo em poema
e lanço-o
ao vento
também
Ficará
bem melhor guardado
ainda
assim
por
todo o tempo
Porque
a poesia é a arte de enganar
com
a verdade
de
esconder a tristeza com alegria
de
disfarçar com amizade
a paixão
Por
isso as palavras me saem da mente
agora
em
torrente
sem
chama
nem
drama
nem
razão
Concertadas
em poema depenado
cujas
pétalas perfumam o chão
agridoce
dessa
doce intimidade
com
que ela me desengana
sem
me causar maior dano
Na
verdade
sou
eu que com poesia
a
mim mesmo me engano
Vale
de Salgueiro, sexta-feira, 13 de Agosto de 2010
Henrique
António Pedro
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