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quarta-feira, 8 de janeiro de 2025

UM CANTO INCOMUM


Não!

Decididamente

não sou poeta de epopeias

 

 Sou poeta do quotidiano

de ideias

de alegrias

de dores

e de amores

 

Um poeta comum

Ainda que incomum seja meu canto

Misto de pecador

 E de santo

 

Poeta das angústias

que acompanho

decomponho

e componho

em rudes melopeias

 

Poeta que canta o possível

o verosímil

o suportável

mais o inimaginável

 

Quando o amor mo permite

e deixa margem para poder escrever

quando a dor o admite

 

Apenas quando a dor se tolera

E outra coisa da poesia se não espera

Se canta a dor para a mitigar

Ou quando o amor abranda

Se canta amor para o amor relançar

 

Ou quando o espírito se acende

Em alegria incontida

E o poeta se rende

Ao fascínio do Universo

E de amor viver a vida

 

Sou um poeta comum

Ainda que incomum

seja o meu canto

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 21 de Outubro de 2008

Henrique António Pedro

 


sexta-feira, 27 de dezembro de 2024

Haja Paz na Terra Inteira



Se eu pudesse acabar já com a guerra

E decretar Amor e Paz por toda a parte

Com poesia ou qualquer outra arte

Nem um só dia ficaria à espera

 

A tantos humanos a guerra desespera

E tão grande é o sofrimento que comparte

Que urge erguer bem alto o estandarte

Da cooperação, na paz. por toda a Terra

 

Sem outra exigência ou condição

Que não seja amar-nos como Cristo diz

Como bons irmãos do fundo do coração

 

Fazer da Terra inteira um só País

E de todos os povos uma só Nação

Criar nova Civilização de raiz

 

Vale de Salgueiro, quinta-feira, 14 de Agosto de 2008

Henrique António Pedro

segunda-feira, 16 de dezembro de 2024

Poema pequenino do meu Natal de menino


Quando ainda eu era pequenino

lá na minha aldeia

ainda se escrevia e lia

à luz da candeia de azeite

não havia sequer televisão

 

O maior deleite do coração

era ouvir e contar

histórias de amor e de encantar

ao calor da lareira

durante o serão

depois de cear a ceia

feita com amor por minha mãe

 

Pelo Natal porém

outra luz luzia

mas não era não

o luar dos pais natais

dos agentes comerciais

que hoje viajam de avião

 

Era a luz do Menino Jesus

que descia pela chaminé

pé ante pé

a hora já morta

já quase de manhãzinha

e nem sequer batia à porta

para não acordar ninguém

 

Era o encanto do Menino Santo

que por certo sem agasalho

e já a cair de sono

aquecia a Sua mãozinha

no borralho ainda morno

e sem se deixar ver

punha um presente no meu sapatinho

estando eu ausente

sem Lhe poder agradecer

 

Só depois o Divino Menino

voltava para junto de Maria

Sua Mãe

e de S. José

Seu Pai

para a manjedoira perfumada

acolchoada de palha doirada

em que acabara de nascer

lá na distante Belém

 

Era este o Natal sem igual

que os meninos pequeninos

como eu viviam com muita fé

fantasia

e indizível alegria

  

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 4 de Dezembro de 2009

Henrique António Pedro

 


quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

UBIQUIDADE



Diz-me

para me consolar

e iludir a minha saudade

que embora ausente

estou sempre presente

no seu coração

 

Que eu sou omnipresente

vá para onde ela for

esteja eu onde estiver

seja qual seja a condição

 

Mas eu

dela distante

não sei quem sou

ando inclinado

oblíquo

sem a poder esquecer

vivo em obliquidade

 

Sou um viandante “omniausente”

um desertor

livre na obscuridade

enjaulado no seu amor

 

Gostaria de ser ubíquo

de poder estar aqui e lá

ao mesmo tempo

em todo o lado

 

Vê-la

e tê-la

ainda assim

a ela a mim

e eu a ela

sempre abraçado

de verdade

 

Ainda que o amor

tenha o dom da ubiquidade

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 2 de Setembro de 2008

Henrique António Pedroo

 

sexta-feira, 6 de dezembro de 2024

Avé Maria (Bach, Gounod e Helene Fischer)


Algum querubim

por certo

dentro de mim

instante

me chama

 

Desperto!

 

Abro a janela de par em par

de pronto o Cosmos inunda o aposento

de rompante

 

Um vento de luz sopra raios rosa desde o Sol nascente

a alvorada entra luminosa no meu coração

que canta vitória

 

Os acordes espirituais de Bach e Gounod

complô de anjos e arranjos divinais

envolvem-me em explosão de alegria

e glória

 

Nos sons suaves dos violinos

ouço o ondulado de colinas verdejantes

salpicadas de papoilas e malmequeres

a energia telúrica que emana da Terra

força de paz que silencia a guerra

 

Os toques metálicos do piano

qual tilintar das estrelas a cintilar

não cessam de me encantar

 

A melodia me inebria

o meu corpo se quebranta

sinto-me a pairar

no ar

 

Mas é após que a diva Helene Fischer sua divina voz alteia

exaltando a perene santidade de Maria

galileia de Nazaré

que a minha alma se incendeia

na vertigem da Fé

 

Já não mora mais ali pois se evola

livre dos humanos misteres

e se empola

em êxtase de espiritualidade

e poesia

 

E também eu canto o sacrossanto canto

 

Avé Maria

cheia de graça

o Senhor é convosco

bendita sois Vós entre as mulheres 

e bendito é o fruto

do Vosso ventre

Jesus

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 14 de Setembro de 2009

Henrique António Pedro

 

 

 

 

terça-feira, 3 de dezembro de 2024

Poesia. Tão só. Nada mais.



Poderá nem ser

sequer

murmúrio

 

Poderá ser

somente

pensamento solto

palavra desbocada

lançada ao vento

perjúrio

ainda assim

 

Ideia que a passar

de mão em mão

poderá dar volta à Terra

haja paz ou haja guerra

 

Pomba de paz

borboleta de ilusão

quiçá falcão de guerra

grito da mais obscena miséria

 

Poderá ser flor

antúrio perfumado

jasmim sem jardim

arrulho de namorado

 

Poderá ser palavra perfumada

trabalhada com dor

amor

dilema demente

 

Poderá ser o que aprouver

indiferente ao que vier

e ao demais

 

Será apenas poesia

sempre e sem dó

 

 Nada mais e tão só

 

 

Vale de Salgueiro, quinta-feira, 6 de Novembro de 2008

Henrique António Pedro