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quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Clímax



Com o sono e o sonho

no clímax

do enlevo

e da lascívia

como se vivesse a vida sonhada

e a felicidade estivesse acordada

 

Quando me apetecia tudo menos acordar

eis que toca o despertador

a realidade desperta

fica a felicidade adormecida

 

Ó que estranha troca!

 

Abro a janela

aspiro ao ar fresco da manhã

a Natureza no seu esplendor

é outra fantasia

 

Será que de novo sonho?

 

Desperto no melhor da realidade

acordo no melhor do sonho

não durmo

nem discuto o dilema

simplesmente

vivo

 

Inalo uma pitada de poesia

e lavro este poema

 

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 13 de Abril de 2010

Henrique António Pedro

 

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Amor e Dor

 

 


Amor e Dor

(Heptassílabo ou redondilha maior)


É-nos dado bem saber

E sentir que o amor

É o oposto da dor

Vital no nosso viver

 

Seria bom, não sofrer

De amor sentir só calor

Sem haver dor ao redor

Viver só puro prazer

 

Não sabermos bem amar

Nem sabermos bem-fazer

É o amor aviltar

 

No sentir do sentimento

Ninguém se pode enganar

É puro conhecimento

 

Amor e Dor

(Decassílabo)

 

A todos nos é dado bem saber

E melhor sentir o que é amor

Porque é o contrário da dor

E parte vital do nosso viver

 

Melhor seria, sim, ninguém sofrer

Sempre sentir do amor o calor

Sem ter nenhuma dor em seu redor

Viver apenas de puro prazer

 

Porém, muito poucos sabem amar

E só por não saberem bem-fazer

Acabam por o amor aviltar

 

Amar com o mais puro sentimento

Sem a si próprio se enganar

É pura fonte de conhecimento

 

 

Vale de Salgueiro, domingo, 7 de Novembro de 2010

Henrique António Pedro

 

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Que viva a poesia!


Que viva a poesia

esta infinita vontade de amar

de cantar

de dar e receber

e com amor adoçar o sofrer

 

Que viva a poesia

que expluda em alegria o desejo de ser livre

de abrir os braços ao sol nascente

e espalhar abraços por toda a gente

 

Que viva a poesia

este encantamento do pensamento

esta ideia de partilhar o nosso ser

pela Terra inteira

 

Que viva a poesia

que a partir daqui e de agora

deste lugar e deste país

seja de onde seja

seja onde for

tanto faz

se ouça com emoção a voz do coração

o grito da paz

que resplandeça de poesia

o mar de amor que há em nós

 

Que viva a poesia

esta inexplicável tropia

esta fantasia verdadeira

de que por força da verdade

a Humanidade será um dia

una

livre

feliz

inteira

 

Vale de Salgueiro, domingo, 1 de Agosto de 2010

Henrique António Pedro

quinta-feira, 27 de novembro de 2025

Húmus


Hoje

vou caminhar adrede

campos fora

noite a dentro

atolar-me na lama dos caminhos

 

Vou esquecer que existo

votar-me ao abandono

diluir-me na Natureza

não responder a ninguém

fintar o sono

tratar as ideias com desdém

 

Vou deixar que a minha angústia

se misture com a água da chuva

em húmus de poesia

que as raízes das plantas a absorvam

e a convertam em seiva

 

Para desabrochar em flores de alegria

já na próxima Primavera

e florir em fruto lá mais para o Outono

 

Hoje

vou caminhar adrede

campos fora

noite a dentro

até entrar em transe

e explodir em êxtase

quando o Sol raiar

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 5 de Fevereiro de 2010

Henrique António Pedro

 

In Anamnesis  (1.ª Edição: Janeiro de 2016)

 

 

terça-feira, 25 de novembro de 2025

A CANÇÃO DE AMOR DE DORES ROHA


Apenas tu ser amado

não duvido

tens a ver com a felicidade

que vivo a teu lado

 

Se me assalta a angústia da separação

qual vento desalmado

te digo do fundo do meu coração

o sofrimento que adviria

nada teria a ver contigo

 

Porque ninguém ama por obrigação

ou continua a amar

por gratidão

 

Depende de mim continuar

a apertar as tuas mãos

e de ti continuar a beijar

com teus lábios os meus

mas é no amar e desamar

que mais dependemos de Deus

 

Não deixaria de te amar

nem que te afastasses de mim

ainda que o amor fosse então

uma saudade sem fim

 

Henrique António Pedro, in Códice da Pátria Luanca (Ver o Verso Edições, 2006)

 

quinta-feira, 20 de novembro de 2025

É sempre de mim que eu falo



Quando escrevo poesia

e lanço meus versos ao vento

 

Por demais que me esconda

ou me disfarce

me liberte ou me embarace

é sempre de mim que eu falo

a todo o tempo

 

De mim a mim

e de mim aos outros também

sem constrangimento

é sempre de mim que eu falo

e de mais ninguém

 

Na esperança de que as aves do céu

e as bocas do mundo

leiam os meus versos e ponham ao léu

o mais profundo da minha alma

que vagueia pelos universos

 

À procura de novos juízos

afectos e sorrisos

 

A dilatar a alegria de viver

e força de acreditar

num único amor

numa só forma de amar

sem sofrer

sem ilusão

 

No qual

todos nós

poetas ou não

acabaremos

um dia

por nos reencontrar

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 12 de Janeiro de 2010

Henrique António Pedro