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quinta-feira, 25 de janeiro de 2024

Um poema impertinente



Eram precisamente seis horas e trinta e tantos diminutos

minutos

quando este poema nasceu

 

Eu dormia profundamente por mor do Outono

que agora está a começar

e traz com ele o abaixamento da temperatura

e a diminuição da luminosidade matinal

quando senti que uma cria de poesia

me puxava a roupa do espírito

repetidamente

mesmo depois que me acordou

 

Não tive outro remédio senão levantar-me

e servir-lhe o pequeno-almoço

para alimentar o animal

muito embora ainda fosse de madrugada

 

Mas de que trata este poema, afinal?

 

Sei lá!

Um poema tem que tratar de alguma coisa?

Não poderá ser só poema, sem nada mais?

 

Ademais poderá ser fruto de uma insónia

de um mal dormir…

 

Eu dormia profundamente

ferrado no sono

sem sonho subjacente

quando fui acordado

 

Diria que este poema impertinente que hoje me acordou

é fruta da época

filho do Outono

fruto da árvore da poesia

que viceja no jardim da fantasia

 

Vale de Salgueiro, quinta-feira, 30 de Setembro de 2010

Henrique António Pedro

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