quinta-feira, 5 de junho de 2014
Diz-se do ódio o que se diz da paixão
Amar
amamos
pessoas verdadeiras
e inteiras
Não amamos
só um rosto
um
braço, uma perna, uma mão
tão
pouco só um corpo, um estatuto
sequer só
um coração
Amar
amamos
algo de imanente
permanente
e transcendente
desconhecido
distendido
que não
se encobre nem disfarça
e não
nos embaraça
Daí que
o motivo do nosso amor
possa
estar numa mulher
num
homem
num
ente escondido
velho,
novo, doente ou são
Já a
paixão não!
A
paixão tem rosto
e tem
corpo
tem
perfume
utilidade
irradia
sensualidade
gera
ciúme
é
obceção
Apaixonar
apaixonamo-nos
por uma pessoa concreta
que em
nós desperta moléculas
de
vício
de
prazer e atracção
ou de
alienação
embora com
fantasia
Pessoa que
nos inquieta
nos
arrelia
basta
um indício
uma
indisposição
Por
isso se diz do ódio
o que
se diz da paixão
sexta-feira, 30 de maio de 2014
Do Amor e da Razão
A
(Heptassílabo ou redondilha maior)
Entendeu o Criador
Envolver-nos em mistério
Entre agruras e dor
Com Amor por
refrigério
O prazer é sal da vida
O sabor do bom viver
Mas a vida mal
vivida
Tudo deita a perder
É nesta escuridão
Que devemos caminhar
Porém, à luz da Razão
Para nos alumiar
Com Amor no coração
Também o Bem praticar
B
(Decassílabo)
Entendeu Deus, o
nosso Criador
Envolver-nos em
pesado mistério
Adoçado nas agruras
da dor
Pelo Amor, divino
refrigério
O Amor é, assim, o
sal da vida
Sabor e alegria de
viver
Mas o prazer da vida
mal vivida
Tudo poderá deitar a
perder
Porém, ante tanta
escuridão
Para melhor podermos
caminhar
Também Deus nos deu
a luz da Razão
E para melhor nos
alumiar
Outra luz acende no
coração
A quem o Amor, por bem,
praticar
terça-feira, 27 de maio de 2014
Se o poeta amasse sinceramente
Se o
poeta amasse
sinceramente
não
faria do amor
poesia
Limitava-se
a amar
tão
somente
amar
não é fantasia
Se o
poeta sofresse
verdadeiramente
não
faria da dor
poesia
Limitava-se
a sofrer
como
toda a gente
sofrer
não é filosofia
O
poeta não sofre suas dores
nem
ama seus amores
ama e
sofre as dores e os amores dos demais
O
poeta só é sincero quando escreve versos de combate
poemas
intemporais
por
toda a parte
sejam
de amor
de
dor
ou de
alegria
quinta-feira, 22 de maio de 2014
Não me verás a acenar, a dizer-te adeus
O verde-esmeralda do teu mar interior
esse mar mediterrânico de amor
vai virar azul
e debruar-se de lampejos doirados
de desilusão
Mas o arco-íris da paixão
vai estabelecer uma ponte
uma grinalda florida
por cima do oceano
entre o teu e o meu
coração
Então as larvas da saudade
transmutar-se-ão em borboletas coloridas
os versos em rimas redimidas
e os poemas em cometas
Cometas que são livros
a derramar estrelas
de iluminar
E sempre nos poderemos reencontrar
a meio do mar
Não me verás a acenar
a dizer-te adeus
terça-feira, 13 de maio de 2014
É de mim que menos sei
Julgo
saber tudo de mim
mas
não será tanto assim
Não
tenho grandes dúvidas do meu passado
apesar
das muitas coisas que já esqueci
Lembro-me
bem do sítio onde nasci
do
meu percurso
Corri
mundo
viajei
vi
vivi
senti
amei
sofri
Estudei
aprendi
conhecimentos sem fim
artes
ciências
técnicas
Conheci
pessoas
lugares
mas é
de mim que menos sei
Pouco
ou nada sei de mim!
E que
me importa saber que a Terra é redonda
que
os astros se movem no Universo
e
coisas assim
se pouco
ou nada sei de mim?
Quando
me for dado conhecer-me
saber
tudo de mim
saber
quem verdadeiramente sou
por
detrás de um registo civil
perdido
entre tantos mil…
Saber
o que faço aqui
e
para onde vou
então
sim tudo saberei
todos
os mistérios se revelarão
e todas
as dúvidas cessarão
Saberei
se o Além existe
se é
finito ou infinito
o
Universo
e qual
é o seu reverso
que
coisas são o Espaço e Tempo
o
Amor e a Verdade
a
Santíssima Trindade
É a
mim que eu procuro conhecer
a
chave de tudo está em mim
…Sou
eu!
domingo, 11 de maio de 2014
Será uma glândula avariada?
Uma
angústia larvar
me
apoquenta
desde
que me conheço
e que em
vão
procuro
decifrar
Não é
problema de salário
ou de
pão
Muito
menos da conta da electricidade
da
falta de fama ou a de glória
ou de males
de coração
Sinto-me
feliz fora da História
e se a
energia eléctrica falhar
passarei
bem sem internet ou televisão
porque
tenho o sol para me alumiar
Amor?!
Tenho muito
para dar
não
para vender
e pão…
até
ver não tem sido preocupação
Também
não tenho
tanto
quanto sei
qualquer
glândula avariada
e o meu
cérebro não sofreu nenhuma pancada
São
coisas mais complexas
e
etéreas
que me
afligem
e não
sei explicar
E que
tento converter
em
poesia
embora
com alguma fantasia
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