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terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Do Amor e de Deus





Por qualquer inaudita razão
que não é assim tão evidente como eu pensava
as palavras mais frequentes nos meus poemas
são Amor e Deus

Dir-se-á que sou um homem de fé

Não
não sou um iluminado
nem tenho assim tanta fé

Sou antes um homem de dúvidas
de dilemas
sem dívidas para ninguém
mas que tem um pouco de esperança

E só tenho esperança
porque vivo na incerteza
sinto as minhas dores
e as dos outros
sou dado a amores
e vivo angustiado

Por isso rezo
e me reveso
em religiosidade
embora não saiba onde mora a verdade

Amor e Deus
são a mesma coisa

Deus mora no meu coração

O Amor é a Sua emanação

terça-feira, 8 de dezembro de 2015

Este poema é para si




É com alegria

que lhe dou a ler

esta banal poesia

que escrevi

a pensar em si

 

Você é um ser único

sem igual

 

Vive aqui a meu lado

e faz-me companhia

neste mundo encantado

de sonho e fantasia

no qual

só o amor é real

 

Em si me vejo

e revejo

porque lê o que escrevo

embora eu não saiba se sente o que eu sinto

e se pensa o que eu penso

ainda que sinta e pense bem

 

Por isso lhe sorrio

e lhe envio também

este abraço

sem embaraço

e lhe expresso amizade

de verdade

 

Obrigado

portanto

por comungar

e partilhar

este meu encanto

 

Vale de Salgueiro, domingo, 25 de Julho de 2010

Henrique António Pedro

 

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Amar mais e mais e mais




Os meus olhos não vêem além do horizonte
e os meus ouvidos
não escutam mais que os sons e os ruídos próximos
fugidios

As minhas mãos não tacteiam mais que a pele de corpos
e a superfície dos objectos

O meu coração apaixona-se sem sabe porquê
e o meu cérebro mais não suporta que uns quantos raciocínios

A minha alma angustia-se e mergulha em ansiedade
porque não sou livre
e estou limitado
encarcerado
dentro de mim

A olhar o mundo e o cosmos
por uma estreita fresta
por onde mal passa a luz do dia

Por isso o meu espírito se incendei em poesia
e anseia por ver mais
tactear mais
ouvir mais

E amar mais
e mais
e mais

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Abre-se a noite em dia


 

 
Uma daquelas noites em que não dormia
porque mais me apetecia
manter-me desperto
em prazerosa vigília

Uma daquelas noites
mais claras que o próprio dia
em que eu não dormia
porque coisas simples
prosaicas
me despertavam

Naquela noite fria
arejada de brisas etéreas
claramente percebia
que a minha vista é insuficiente
incapaz de ver para lá das estrelas
que curtos são os meus ouvidos
que não ouvem para lá do que me rodeia
apenas os sons compatíveis
com a frequência que nos tímpanos serpenteia
e tão frágil é o meu pensamento
que embora mais ágil que o vento
nunca me traz certezas

Mergulho no Firmamento
irisado de cósmico albedo
límpido e transparente
semeado de estrelas
banhado de luar irreal
cor de esmeralda
 
Percebo a sinfonia de fundo
o coaxar das rãs
o relar dos grilos
o latir dos cães
o pio esporádico de alguma ave nocturna
que soturna me vem lembrar
que me não devo deixar dormir
porque estou ali para acordar

Assim se vai abrindo dentro de mim
a noite em dia
e de místico luar
se me ilumina a alma

Por isso não consigo dormir
até poder ver
ouvir
e despertar

 

quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Amar e andar apaixonado


 

Amar
e andar apaixonado
soa
a contradição

Melhor será por isso
deixar passar
o tempo
contemporizar
amor
e paixão

Esperar
que mude a direcção do vento
e se desvaneça o feitiço

Deixar
que seja outro
o bater do coração
e não
o arfar
daquilo que se deseja

O amor douto
não tem tempo
e mesmo pura
a paixão
nunca é definitiva

E nem dura toda a vida

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Rio de amor a desaguar em mar de poesia


 


Se o poema tiver alegria
a iluminar a Razão

Se calar fundo no coração

Se for rio de amor
a desaguar
em mar
de poesia

Leve como pena
em lago de saudade

Ponte
e aperto de mão

Grito
hino de liberdade

Se for lido
relido
e sentido
sem condição

Então o poema valerá a pena

Será verdade

segunda-feira, 2 de novembro de 2015

A quem devo perguntar?


 

 

Ando perdido
desde que ganhei consciência de mim
e do mundo
e experimentei a dor
e o amor

A quem devo perguntar
quem sou
donde venho
para onde vou
sendo assim?

O que devo fazer?

O que faço aqui?

Minha mãe respondia-me com beijos
e afagos
com sorrisos vagos
e angústia
por tanto me amar

Meu pai
com o suor do rosto
em cujas gotas refulgia o luar

A ciência
quanto mais me mostra
mais me esconde

A quem devo continuar
a perguntar
então
senão a mim e a Deus
no mais fundo do meu coração?

Quem mais alguém será capaz de me responder?

quarta-feira, 28 de outubro de 2015

A angústia maior é a Lua


 
 
A angústia maior é a Lua
que inunda a Terra de prata
e de sombras fantasmagóricas
de humanos que continuam a sofrer
indefesos
ao luar
sem o merecer
e sem reclamar

E as estrelas que brilham
e cintilam nos olhos das crianças
são angústias pequeninas
transformadas em esperanças

Mas a esperança maior é o Sol
que todos os dias se levanta
esplendoroso
em alarde de alegria
e se deita ao cair da tarde
com amor
para se erguer de novo
no alvor
de um novo dia

Por isso devemos ter fé
e acreditar
que a humanidade acabará

por se salvar

sábado, 3 de outubro de 2015

O vento


 



É ar a voar pelos ares

o vento

 

É sopro que atiça a brasa mortiça

 

É instrumento de sopro

a tocar

talento do pulmão de soprano a cantar

perfume a atear o lume da paixão

 

É ave de asas a adejar

 

É pente que de repente despenteia

a cabeleira da mulher

e que sem querer

lhe dá poético parecer

 

É pensamento

o vento

a soprar por nós a dentro

 

É pé de povo revoltado

 

É balão de vaidade insuflado

até rebentar

 

É odre podre a peidar

 

É fole a soprar

sem ter nada dentro

 

É verdade

o vento

a varrer o lixo prolixo

das ruas do nosso viver

 

É nuvem de lágrimas

à procura de regaço

onde se verter

 

É respirar ofegante de quem quer vencer

 

É ar a voar pelos ares

 

O vento

é ar em movimento

 

Vale de Salgueiro, sábado, 24 de Janeiro de 2009

Henrique António Pedro

 

 

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Poema para uma poetisa de Entre Douro e Minho



Pergunta-me qual o caminho da felicidade

uma poetisa amiga

de Entre Douro e Minho

 

É o da poesia

deixe-me que lhe diga

já que nos leva a toda a parte

sem nos levar a lado nenhum

ainda que seja certo que a algum lado nos leva

 

A felicidade não exista em nenhum outro espaço

que não seja no regaço de nossa mãe

e quiçá

no Além

embora cada um

tenha a sua própria convicção de que será feliz um dia

sem condição

num qualquer lugar

 

Poesia que é uma emanação do amor

que existe em todo o lado

 

Por isso o insulto e a cobardia

jamais serão poesia

porque apenas geram dor

 

E a palavra obscena

que mina

e contamina

a amizade

nunca será poesia nem verdade

tão pouco dilema

antes obscenidade

 

Aqui por Entre Douro e Minho

está demarcado o espaço

traçado o destino

de quem como nós ouve dentro de si

a voz desse telurismo maior que é a poesia

manancial de felicidade

 

Vale de Salgueiro, sábado, 6 de Março de 2010

Henrique António Pedro

 

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Andam aviões a lavrar o ar




Andam aviões a lavrar o ar

 

A semear ilusões

e ventos

no ar

ruidosos

raiventos

andam aviões a lavrar o ar

sem parar

 

A rasgar montanhas de nuvens

estradas de fumo

de rumo rectilíneo

a tecer no céu o véu da ubiquidade

 

É a Humanidade a dançar

sobre a terra e sobre o mar

a dança contradança

da verdade

 

Viagens de paz

ou de guerra

tanto faz

 

Quem sabe aonde tudo isto irá parar?

 

Vale de Salgueiro, sábado, 14 de agosto de 2015

Henrique António Pedro

sábado, 18 de julho de 2015

Toda a poesia que sinto e não escrevo


 

Passa nas nuvens
nos sonhos
nos desejos
a correr
fugaz

Sob mil formas de amar
e de sofrer
de vento
e de contratempo

Toda a poesia que sinto e não escrevo

Que não escrevo porque não sei
não porque não quero

Que não escrevo não porque não tenha tempo

Que não escrevo porque não sou capaz

É poesia tudo que sinto
e não sei escrever

É angústia
é tormento

É epifenómeno do meu viver

terça-feira, 9 de junho de 2015

Assistindo ao pôr-do-sol pousado num fio de telefone




Ufa!

Ainda estou ofegante!

Vim a correr para lhes contar

 

Foi uma experiência esfusiante

verdadeiramente surreal

neste início de Primavera

 

Acabo de ver o pôr-do-sol

a olhar o mundo de cima

pousado num fio de telefone

 

Lado a lado com as andorinhas

acabadas de chegar das terras do sul

e algumas rolas turquesas

que por aqui habitam todo o ano

 

Todos no mais devotado silêncio

apesar dos latidos dos cães

que não paravam de correr e saltar

tentando alcançar o nosso poleiro

para também eles se empoleirarem

o que seria um espanto

 

Lindo foi quando o astro rei

amarelo como uma gema de ovo

mergulhou definidamente no horizonte

e as andorinhas me olharam

e me confidenciaram

que já haviam sido galadas

e que traziam sóis como aquele no ventre

que eram um encanto

 

Depois bateram as asas de repente

e recolheram aos ninhos

sem se comprometerem a voltar

amanhã de manhã

para assistir o nascer do sol

 

Eu, por mim, lá estarei, porém!

Espero que o Sol não falte!

 

 

quarta-feira, 3 de junho de 2015

Moro no infinito. Existo na eternidade


.

 

Arrasto comigo o infinito
e a eternidade
para onde vou

Vá para onde for encontro espaço sem fim

Morra quem morrer
não se acaba o tempo

Aqui onde estou
no tempo em que vivo
é onde o infinito se inicia
e a eternidade começa

Vivesse noutro tempo
em qualquer outro lugar
com ar para respirar
e cérebro para pensar
sentiria a mesma sensação
o mesmo aperto de coração
o mesmo lapso de Razão

Por isso moro no Infinito

E existo na eternidade

domingo, 19 de abril de 2015

Por não ter tempo a perder a pensar



(in Anamnesis (1.ª Edição: Janeiro de 2016))


Por não ter tempo a perder

a pensar

 

Tempo para me demorar

a ir

e a vir

do coração ao mundo

da razão ao cosmos

de mim à eternidade

 

Tempo para me perder no dia-a-dia

em tecnologia

em cálculos

em tramas

em enredos judiciais

 

Nos livros de contabilidade

nas páginas dos jornais

e em tudo o mais

 

Os meus poemas são atalhos

curto circuitos

auto-estradas mentais

entre mim e a verdade

pendente

 

Por não ter tempo a perder

a pensar

escrevo poesia

para prontamente

lá chegar


Vale de Salgueiro, terça-feira, 8 de Setembro de 2009

Henrique António Pedro

 

 

 

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Maravilhado ando eu com o Amor



 

Maravilhado ando eu com o Amor

mais do que com o Sol ou a Lua

as estrelas

o Céu

a Terra

o mar

o trovão

as aves e os aviões que voam nos ares

 

Mais do que a paixão

que enrola a razão

o Amor extravasa a mente

e transborda o coração

 

O Amor

prodigiosa sensação

é mais do que a gente sente

 

O Amor

é a mais generosa dádiva do Criador

 

É o prodígio maior da Criação

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 4 de Outubro de 2010

Henrique António Pedro

in Introdução à Eternidade(1.ª Edição, Outubro de 2013)