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quinta-feira, 20 de novembro de 2025

É sempre de mim que eu falo



Quando escrevo poesia

e lanço meus versos ao vento

 

Por demais que me esconda

ou me disfarce

me liberte ou me embarace

é sempre de mim que eu falo

a todo o tempo

 

De mim a mim

e de mim aos outros também

sem constrangimento

é sempre de mim que eu falo

e de mais ninguém

 

Na esperança de que as aves do céu

e as bocas do mundo

leiam os meus versos e ponham ao léu

o mais profundo da minha alma

que vagueia pelos universos

 

À procura de novos juízos

afectos e sorrisos

 

A dilatar a alegria de viver

e força de acreditar

num único amor

numa só forma de amar

sem sofrer

sem ilusão

 

No qual

todos nós

poetas ou não

acabaremos

um dia

por nos reencontrar

 

Vale de Salgueiro, terça-feira, 12 de Janeiro de 2010

Henrique António Pedro

domingo, 16 de novembro de 2025

E a si, que lhe diz este poema?



Escrevo este poema deliberadamente

sem nada ter em mente

sem nada ter que dizer

sem querer dizer nada

 

Eu não quero dizer mesmo nada

acredite

tão pouco nada quero desdizer

leia

aceite o meu convite

e dê o seu palpite

 

Escrevo este poema só para dar o prazer

de ler o que lhe apetecer

a quem o quiser ler

 

Só para lhe dizer o quanto podemos dizer

sem dizer nada

ou nada dizer

ainda que quem diz

também se desdiz

 

Este é o dilema!

 

Este poema a mim não me diz nada

mesmo nada

nada me diz

diz-me nada

 

Mas se digo que este poema a mim nada me diz

já me estou a desdizer

 

Que lhe diz, a si, este poema

ainda assim?

 

Muito

pouco

tudo

ou nada?

 

É que a si algo lhe disser

dalgo a mim me há-de dizer

 

Vale de Salgueiro, quinta-feira, 3 de Junho de 2010

Henrique António Pedro

quarta-feira, 12 de novembro de 2025

UMA MALA DE VIAGEM CHEIA DE SONHO E SAUDADE


Viajo para lá do destino

regresso de além

de para onde nunca parti

mesmo se não saí

daqui onde estou

 

A minha mala de viagem

imagem daquilo que sou

leva e traz poemas e dilemas

cama, pijama e roupa lavada

liberdade e farnel

nunca como ou durmo em hotel

 

Sou um viajante inveterado

sempre viajo sem rumo

acompanhado de gente amada

mesmo se viajo só

só para sentir saudade

 

A minha mala de viagem

feita de sonho e de vento

não é fantasia é poesia

mais real que a realidade

com ela viajo no tempo

no espaço da eternidade

 

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 25 de Agosto de 2010

Henrique António Pedro

 

 

quarta-feira, 5 de novembro de 2025

Escrever poesia é assim como lavrar a Terra


Escrever poesia é assim como lavrar a Terra

para semear pão

tanger docemente o Coração

para encantar amores

vivenciar a Vida em verso

e ficar à espera

de que as dores desapareçam

 

Escrever poesia é tocar com arte e melodia

ouvidos e demais sentidos

iluminar a vista

apurar o olfacto

afagar o tacto

e aguçar a Razão

 

Escrever poesia é estender a mão aberta

para dar e receber

nunca o punho fechado para bater

ou abrir a boca para declamar

nunca para insultar

 

Escrever poesia é amar de amor apenas

com todos os sentidos e dilemas

 

É assim como arar a Terra

lavrar poemas nas pedras do caminho

pegadas destinadas a serem apagadas

ou imortalizadas conforme o destino

 

Vale de Salgueiro, domingo, 25 de Julho de 2010

Henrique António Pedro

 


terça-feira, 4 de novembro de 2025

Esta ilusão que a poesia a mim me dá



Esta ilusão que a poesia a mim me dá

de que algum dia serei alguém

que não apenas mais um

entre tantos mortais

meus iguais

 

É uma quimera poética

uma utopia épica

é pura melancolia de quem sempre espera

sem que saiba bem de quê

 

É nostalgia do paraíso perdido

lamento de anjo caído

já se vê

 

É esperança de que a todo tempo

a felicidade acabará por acontecer

 

Esta ilusão que a poesia a mim me dá

não me abandonará jamais

nem mesmo depois de morrer

 

Porque esta ilusão

esta alegria

esta tristeza

esta certeza

que a poesia sopra no meu coração

é o motor do viver

de quem como eu

vive de amor

 

Vale de Salgueiro, sábado, 21 de Agosto de 2010

Henrique António Pedro

 

sábado, 1 de novembro de 2025

Meu mar de amores



Este abismo infinito

em que hora a hora a contraluz

me precipito à velocidade da luz

é o meu mar de amores

 

Envolto em estrelas e galáxias

vales e montanhas

dúvidas tamanhas

angústias

e pesares

 

É um poço sem fundo

em que vida voa pelos ares

 

É um mal minimal

um vórtice de paixão

um grão de dor residual no coração

 

Este abismo infinito

em que hora a hora à contraluz

me precipito à velocidade da luz

é o meu mar de amores

em que nado no nada

despido do orgulho e da vaidade

e sincero espero com verdade

alcançar a revelação final

 

Vale de Salgueiro, sábado, 16 de Outubro de 2010

Henrique António Pedro