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quinta-feira, 25 de abril de 2013

As armas de Abril não chegaram a florir



O País está em crise

a Nação em comoção

 

O Estado foi espoliado

a Pátria expatriada

a República traída

a Língua assassinada

a Democracia pervertida

 

À História roubaram a glória

 

Ouvem-se Álvares Pereira, Gama e Camões

Albuquerque e Vieira

Santo António de Lisboa e Fernando Pessoa

a protestar

 

As armas de Abril não chegaram a florir

 

Há cardos a florear na lapela

dos campeões do regime

democracia do crime

nova ditadura dos donos da fartura

da vida boa e bela

a cantar e a sorrir

 

E há cravos a cravejar o peito do povo servil

cravados pelo socialismo radical

pelo capitalismo mais vil

os traidores de Portugal

 

Nas ruas da amargura batem os corações

das multidões esfomeadas

injustiçadas

dos sem eira nem beira

a reclamar

 

A cantar um canto de desencanto

em seu peito febril

a jeito de quem diz: retomai Abril!

com verdade e em liberdade

votar já não basta

já de nada vale votar

 

A Bem da Nação, portugueses, gritai basta

votai sim, mas dizei não!

 

Vale de Salgueiro, quarta-feira, 8 de Dezembro de 2010

Henrique António Pedro

 

 



terça-feira, 23 de abril de 2013

Angústia glandular




Esta angústia silenciosa
que ora por ora me aflige
como se fora uma saudade
dolorosa
com causa desconhecida
poderá nada ser
de verdade
nem passar
sequer
de uma disfunção glandular
aborrecida

Escuso portanto
de me afligir
muito menos de me angustiar

Mas melhor será
ainda assim
fingir
que embora expulso do Paraíso
me encontro de perfeito juízo
e não tardo a para lá voltar
se foi de lá que eu vim

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Amor sem rosto





Não lhe conheço o rosto
nem a voz
nem a cor
Mas tenho-lhe amor

Disfarça a face
nas imagens em que se abre
e se fecha
em segredo

E quanto mais se cala
mais a sua fala
me exaspera
mais dolorosa se torna
a espera
e mais me envolvo com miragens

Sonho súcubo em que me enredo
será que tem alma?
Que é seu o corpo?

Alma tem
que lhe pressinto o sopro
corpo não sei
que ainda o não amei

Será que a amo
e a não conheço
porque a não mereço?

Amar assim resoluto
em pura fantasia
um amor sem rosto
indiferente à dor
apenas indicia
o carácter absoluto
do amor

domingo, 21 de abril de 2013

Amor pretérito passado simples






O nosso amor já não é
Foi!

É pretérito passado simples
simplesmente

Este amor já não é!
Ponto final

Teria sido, fora
quando também tu me amavas!
Pretérito passado composto

Ponto e vírgula

Este amor já não é!
É, ainda!
Pretérito mais que perfeito

Fora sim
amor
se..

Reticências

Este amor já não é!
É!

Presente do indicativo

Agora se cumpre
na memória
plenamente

Com todo o impacto
das coisas boas e más
que subsistem em nossas vidas

Dois pontos

Este amor já não é
Será!

Futuro condicional

Lembrança pura
enquanto dele memória houver

Ponto de interrogação

sábado, 20 de abril de 2013

Amar mais e mais




Os meus olhos
não vêem além do horizonte
e os ouvidos não escutam mais que os sons e os ruídos próximos
fugidios

As mãos não tacteiam mais que a pele de corpos
e a superfície dos objectos

O coração apaixona-se sem sabe porquê
e o cérebro apenas suporta uns quantos cálculos, associações e deduções

O meu espírito angustia-se
e oprime-me a ansiedade
porque não sou livre
porque estou limitado
encarcerado
dentro de mim

A olhar o mundo e o cosmos
por uma estreita fresta
por onde mal passa a luz

Mas o meu espírito anseia por ver mais
tactear mais
ouvir mais
amar mais
e mais
e mais

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Amo-te quando e sempre


Amo-te quando e sempre

te olho

te falo

te desejo

te afago

e te beijo

 

Quando e sempre grito ao vento

a minha paixão por ti

e sem dúvida nenhuma

a ti te declaro o meu amor

por todo o tempo

 

Quando e sempre

mais forte bate o coração

e sem razão alguma

sinto medo de te perder

e sem pesar nenhum

a nossa vida bendigo

 

Amo-te quando e sempre

sonho um futuro de sonho

contigo

 

Amo-te quando e sempre

nos amamos ou sofremos em comum

como quando eu próprio senti

as tuas dores de parto

em mim

 

Amo-te quando e sempre

de ti me aparto

a sofrer

 

Amo-te quando e sempre

escrevo versos sentidos

banais

que só porque te amo

são

para mim

poemas geniais

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 10 de Janeiro de 2011

Henrique António Pedro