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quinta-feira, 1 de novembro de 2018

50 Sonetos de Amor (XXXVIII Teme viver quem morrer teme)



 

Teme viver quem morrer teme


Esse estranho medo de morrer

Advém de se saber um ser mortal.

Assim, teme morrer sem o querer

Quem bem se sente vivo, afinal

 

Já o anormal medo de viver

Advirá de se saber imortal

Mas temer sofrer, depois de morrer

Ainda mais e de maior mal

 

Se eu temo viver e morrer eu temo

Entrego-me, então, na mão do demo

Duvidando da imortalidade

 

Bem melhor será amar de verdade

Acreditar, sim, na Felicidade                   

Fazer fé no Amor do Pai Supremo

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 1 de Outubro de 2010

Henrique António Pedro

 

domingo, 28 de outubro de 2018

50 Sonetos de Amor (XXXIV As flores do meu coração)




XXXIV
As flores do meu coração



Perfumadas ou não, pelas rosas tenho paixão
Mesmo se os seus espinhos me arranham a pele
Quando a tentação de cortá-las me impele
Mas elas acabam por lancetar meu coração

Também aprecio o cravo, a flor da Nação
Em Abril glorificado pelo povo alegre.
A tília é um amor pelo odor que expele
À mística açucena voto adoração

Laranjeira, amendoeira e a cerejeira
São árvores de fruto com flores de encantar
Artifícios da Mãe Natureza feiticeira

Especial afecto sinto pela sardinheira
Verde e rubra, aveludada e popular
Cheira a sardinha a flor do povo padroeira!

Vale de Salgueiro, 26 de Abril de 2008
Henrique Pedro

domingo, 21 de outubro de 2018

50 Sonetos de Amor (XXX Terra Mater)





XXX

Terra Mater


Enlevam-se o meu olhar e o meu coração
Perante este mar de oliveiras prateadas
Meu bendito berço de mil colinas encantadas
Toma-se o meu ser da mais sentida comoção.

Bandos de aves livres voam em livre formação
Pela branda brisa do cair da tarde embaladas
São pela santa Mãe Natureza abençoadas
Dão asas e graça à sua natural paixão

Terra sem igual sagrada pela oliveira
É aspergida por espiritual quietude
É ganha-pão de gente simples, pura e ordeira

Que nos úberes vales de rio e de ribeira
Com amor cultiva essa agrária virtude
Queira Deus haja paz igual na Terra inteira

Vale de Salgueiro, 19 de Abril de 2008
Henrique Pedro

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Uma rosa venenosa


A essa rosa ultriz e malvada

Que infeliz agora se finou

Embora fosse flor e perfumada

Foi o seu sorriso que a matou

 

Rosa rara, falsa, aculeada

Que a si própria se enganou

A todos dizia que os amava

Mas nunca a ninguém ela amou


Era ruim, sim, só erva daninha

Que até picos nas pétalas tinha.

Seria bela, mas era má flor!

 

Uma rosa danosa, flor de dor.

Não sabia o que era amor.

Murchou abandonada, sim. Sozinha!

 

Vale de Salgueiro, sábado, 14 de Fevereiro de 2009

Henrique António Pedro

 

terça-feira, 16 de outubro de 2018

50 Sonetos de Amor (XXIV Mulheres)


Mulheres

Muito mais desiguais entre elas

Que os próprios homens entre si

São as mulheres com quem convivi

Para lá de sensuais ou de belas

 

Mas reconheço que qualquer delas

Quando canta, chora ou sorri

E tantas mulheres eu conheci

Irradia mais luz que as estrelas

 

Umas fazem-me boa companhia

Outras apenas me divertem, sim

A todas quero bem, ainda assim

 

Mas a mulher mais mulher para mim

É a mãe que sofre, ama e cria

À imagem da Mãe de Deus, Maria

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 12 de Setembro de 2008

Henrique António Pedro

 

sexta-feira, 12 de outubro de 2018

O Amor-Dor da nossa Mãe



O Amor-Dor da nossa Mãe


Com o amor de nosso pai e nossa mãe

No útero materno  nós somosgerados

Pelo desígnio divino abençoados

Paridos com dor, porém, e amor também

 

Do amor-dor de mãe tudo por bem, advém:

O bom leite com que somos amamentados

As lágrimas dos dias mais angustiados

A esperança dum dia sermos alguém

 

Do paraíso que é o mátrio seio

Jamais dele seríamos nós afastados

Se a Mãe de Deus estivesse de permeio

 

Nem o acto donde toda a dor adveio

O bom Criador o teria consumado

Caso Eva já fosse mãe. Assim eu creio!

 

Vale de Salgueiro, 1 de Maio de 2008

Henrique António Pedro