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terça-feira, 15 de agosto de 2023

O divino fulgor de Deus

 


Divino fulgor

 

Quando, num só tempo, sofremos e amamos

E o coração nos dói do mais puro amor

Ou ainda mais amamos quem está com dor

E a essa mesma dor também nos entregamos

 

Ou quando de quem amamos nos separamos

E mergulhamos na tristeza e no torpor

Ou quem bem nos ama nos recebe com calor

Se nós de um longo afastamento regressamos

 

Ou se a morte, a mais cruel realidade

Nos obriga a um definitivo adeus

A quem também nós muito queremos de verdade

 

Se ainda assim damos louvores aos céus

Será quando com a maior claridade

Em nós sentimos o divino fulgor de Deus

 

Vale de Salgueiro, sábado, 13 de Setembro de 2008

Henrique António Pedro

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Fado do mal-amado

 


Fado do mal-amado

Nunca houve outro amor assim

Uma tão cruel paixão entontece

Entrega tão pura ninguém merece

Nem sendo a mulher um querubim

 

Agora choro lágrimas sem fim

Meu pranto ao longe se esmorece

Como uma mal sucedida prece

Que amargamente se vai de mim

 

A fada cruel quebrou o encanto

Para sempre seu coração calou

Esta é a razão deste meu pranto

 

Mas a vil paixão de mim não voou

Por isso cantar este triste canto

É fado amargo que me tocou

 

 

Chaves, 8 de Março de 1966

Henrique António Pedro

 

sábado, 12 de agosto de 2023

Amar sem condição

 


Amar sem condição

 

Ser capaz de amar ou de bem-querer

Todo o humano é, sem condição

Não requer, sequer, esforço da Razão

Só predisposição para bem-fazer

 

Para todos os agravos esquecer

Abrir os braços e estender a mão                           

A quem nos ofende conceder perdão

Melhor é ter amigos até morrer!

 

Para dar com pura generosidade

Amor a quem só tem dor e sofrimento

Ajudar sem interesse ou vaidade

 

E também a quem votamos sentimento

Darmo-nos por inteiro e com verdade

Sem esperar algum agradecimento

 

Vale de Salgueiro, segunda-feira, 4 de Agosto de 2008

Henrique António Pedro

 

 

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Porque não morrer de puro prazer?

 


Porque não morrer de puro prazer?


Porque haveremos nós de tanto sofrer

Continuando nesta vida a penar

Sem que nada, nem ninguém, nos possa salvar

Se fácil e gostoso, pode ser, morrer?

 

Porque não matarmo-nos de puro prazer

Em vez de passarmos os dias a chorar


Se até a paixão, instinto de amar

Sempre acaba por mais nos fazer sofrer?

 

Espera não viver sempre neste inferno                         

Quem crê que ser feliz no Além tem sentido

Porque também acredita que é eterno

 

E mais crê que Jesus, o Cristo, o Ungido

Nos veio, sim, resgatar, num gesto fraterno

Por isso viver é o maior motivo

 

Vale de Salgueiro, 28 de Abril de 2008

Henrique António Pedro

 

 

sábado, 5 de agosto de 2023

Aos poetas do “Facebook”

 


Aos poetas do “Facebook”

 

Andam, errando, pelo mundo além

Milhares de poetas e trovadores

Carregando suas dores e amores                               

Sem encontrar quem lhes dê lar, ou vintém!

 

Se batem à porta do Face, porém

Mesmo sem que ninguém lhes deva favores

Ou deles sejam, sequer, devedores

Logo lhe dizem: - Entra! Se vens por bem!

 

Muitos cá penduram pote e capote.

No Face fazem seu ninho com verdade.

Com eles conviver é sim, grande sorte!

 

Outros, poucos, só arribam por vaidade.

Que tomem outro rumo, um novo norte!

Deixarão apenas fumo e não saudade!

 

Vale de Salgueiro, sábado, 6 de Setembro de 2008

Henrique António Pedro

 

 

terça-feira, 1 de agosto de 2023

Primeiro amor



Primeiro amor

 

Vem de mão dada com a Primavera

Ambas de mil flores engrinaldadas

De aromas campestres perfumadas

Encantado poeta as espera

 

Cantam amor e paz em toda a Terra

Entoando as mais belas baladas

Com as aves canoras afinadas                                               

São musas da poesia mais vera

 

Surgem lindas pelo amanhecer

A Primavera, a mulher amada

Primeiro amor em nós a nascer

 

Primavera! Poesia! Mulher!                              

Que lindas e alegres aliadas!

O poeta sonha. Deus assim quer!

 

Vale de Salgueiro, 12 de Abril de 2008

Henrique António Pedro