segunda-feira, 3 de outubro de 2016
E se os humanos fossem pássaros?
Esta recomendação faço com emoção
ao Criador
Se acaso entender
corrigir a Criação
então
que faça dos
humanos
desta vez
aves
Que os coloque de
novo sobre as árvores donde desceram
(Como defendem os
evolucionistas)
mas que não permita
que agora as deixem
jamais
Que fiquem por lá
para sempre
ganhem penas e
asas que os habilitem a voar
como as pombas, os
pintassilgos ou os pardais
E que voem aos
pares pela Primavera
que se amem com
arrulhos
a saltar de ramo
em ramo
a chilrear
bastando uma
amorosa bicada
em pleno ar
para o
homem–pássaro galar a mulher-ave
e a engravidar
Que por lá
construem seus ninhos
nos quais a
nulher-ave porá os seus ovinhos
que chocará com
seu calor maternal
até que a casca
quebrar e soltar os meninos-passarinhos
que só
abandonarão o ninho
quando souberem
voar
Será assim mais
fácil lançar-se o homem na exploração espacial
não terá
necessidade de construir aeroportos
auto-estradas
arranha-céus
nem de
transformar o planeta Terra
num cometa
Porque tudo
ou quase tudo
desde o nascer,
ao amar, ao morrer
se passará como
com as aves
No ar
Vale de
Salgueiro, segunda-feira, 27 de Abril de 2009
Henrique Pedro
domingo, 2 de outubro de 2016
Poema erudito
É ideia deste
poema nada dizer
a ninguém
não
obstante quem o ler
seja
livre de o interpretar
como lhe
aprouver
e melhor
lhe convém
Pretende
ser um poema erudito
não há
como o contornar
embora o
léxico não seja académico
muito
menos jargão
não
disseque a alma de ninguém
não verbere
o acordo ortográfico
nem diga
mal de nada
ou fique
de boca calada
Embora
seja assintomático
não respeita
o modismo endémico
não segue
corrente literária
muito
menos política agrária
nem é
escrito à mesa de café
Pode
muito bem ser, porém
declamado
e
aplaudido de pé
até
como
tantos da sua igualha
de muito poeta consagrado
Este
poema é erudito
sim
mesmo
sendo ruim
não fala
de coisa nenhuma
nem diz
coisa com coisa
Quem o ler
nada ficará
a saber
embora
fique a pensar
e sabe-se
lá o quê…
…de mim
terça-feira, 27 de setembro de 2016
Se assim bate o seu coração
Se o seu
coração bate
assim
forte
a saltar
fora do peito
feito
cavalo à solta
é porque
anda insatisfeito
Se o seu
bater é de tambor
a rufar
de dor
é angustura
que mal
se atura
Se bate
o coração
sem que
se sinta bater
enquanto
a mente pensa
com
indiferença
e os
olhos
olham
sem ver
é de desilusão
o seu
bater
Se o
coração bate
assim
forte
sem que
se sinta bater
e o
espírito voa
com
alegria
leve
e livre
com
poesia…
… é amor
nada o
poderá deter
sexta-feira, 23 de setembro de 2016
Aquela paixão não passou de um poema escrito num pedaço de papel que ardeu
Escrevi
aquele poema na minha própria alma
com a
tinta doirada do meu amor
e com toda
a minha arte
na
esperança de que ela o lesse com o coração
Ela
porém tomou-o por burlesco
por literatura
de cordel
Pediu-me
que o anotasse num pedaço de papel
que não
leu
e que
depois de amassado
acabou cremado
em fugaz
incêndio
num
cinzeiro grosseiro
de vidro
vulgar
Sobrou um
montículo de cinza
que com
um sopro
leve
e um despiciendo
piparote
sacudiu
do capote
Não tem porque
se lamentar
agora
que anda
perdida
a esmo
lamentando-se
de me não ter dado a devida atenção
Aquela
paixão
indevida
não passou
disso mesmo
De um
poema escrito num pedaço de papel
que
ardeu
só
porque ela não o mereceu
segunda-feira, 5 de setembro de 2016
Quando a poesia acontece mesmo sem inspiração.
Já a Primavera se transmuda em Verão
Já o Sol se põe
e muda de posição
deixando atrás de si
um resplendor alaranjado
que se desvanece
Já o Sol se põe
e muda de posição
deixando atrás de si
um resplendor alaranjado
que se desvanece
e me deixa extasiado
enquanto o céu escurece
enquanto o céu escurece
e a Terra se encobre de escuridão
Já a Lua brilha cristalina
já se acende a estrela vespertina
depois outra após outra
marchetando o Firmamento
que por fim se ilumina
de cerúleo polimento
mais abrangente
Nenhuma ideia brilhante
nenhuma palavra redundante
uma rima sequer
indiciam poemas na minha mente
Nem eu tristonho
me predisponho a poetar
assim mergulhado na soledade
do fim do dia
extasiado com a serenidade
da contemplação
Sob o olhar da Lua
que em silêncio percorre o céu
e me olha
como se estivesse ali postada
ela sim
para a mim
me contemplar
e cobrir com o seu véu
Mas eu não tenho dilemas
penas para espiar
ninguém para namorar
nada de poemas
um verso que seja para escrever
apenas solidão
Nada à Lua posso dar
nada a Lua me oferece
à Lua nada pedi
A poesia acontece
por si
mesmo sem inspiração
sexta-feira, 26 de agosto de 2016
Com poesia a mim mesmo me engano
Confidencia-me
o seu segredo mais íntimo
que
silencio nos ouvidos
e sepulto
no coração
Ouso
ir mais além
porém
Codifico
o segredo em poema
e lanço-o
ao vento
também
Ficará
bem melhor guardado
ainda
assim
por
todo o tempo
Porque
a poesia é a arte de enganar
com
a verdade
de
esconder a tristeza com alegria
de
disfarçar com amizade
a paixão
Por
isso as palavras me saem da mente
agora
em
torrente
sem
chama
nem
drama
nem
razão
Concertadas
em poema depenado
cujas
pétalas perfumam o chão
agridoce
dessa
doce intimidade
com
que ela me desengana
sem
me causar maior dano
Na
verdade
sou
eu que com poesia
a
mim mesmo me engano
Vale
de Salgueiro, sexta-feira, 13 de Agosto de 2010
Henrique
António Pedro
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