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quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Quando os poetas amam sinceramente…





Quando os poetas amam 
sinceramente
fazem do amor
poesia

Não se limitam a amar
tão somente
como toda a gente

Quando os poetas sofrem
verdadeiramente
fazem da dor
poesia

Não se resignam a sofrer
tão somente
como toda a gente

Quando os poetas amam 
sinceramente
não sofrem apenas suas dores
nem amam somente seus amores

Amam e sofrem
pelos demais
convertendo dores e amores
na divina fantasia
melodia de lamento e sofrimento
a que se chama poesia

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

A luz do amor



Há uma luz que vem de Deus
que tem origem fora do Universo

Uma luz que não é desviada
pelos corpos pesados em movimento
e a que se não aplica a Teoria da Relatividade
porque é absoluta verdade

Luz que não é atraída pelas galáxias
que distorcem a luz das estrelas
dando-nos uma imagem ilusória do Cosmos
como se projectada nas águas
ondulantes
de um lago

Entra por nós a dentro
reflecte-se na nossa alma
acalma os corações famintos
ilumina a escuridão da cega paixão
causadora da dor
adoça os instintos
e levanta o vento da amizade

Essa Luz

É a Luz do Amor!




domingo, 17 de dezembro de 2017

Presépio…


   
   

Projecto épico do Menino Jesus
nascido de Deus envolto em luz
no ventre da Virgem Mãe
advento de um novo tempo
marco indelével da História

Chama de amor e de paz
brilha na escuridão da guerra
que oprime toda a Terra
e traz a Humanidade refém
no engano da fugaz fama

É Cristo que para nossa salvação
triunfa em cada Natal
sobre a dor e o sobre mal
e nos redime em cada ano
rumo à celestial vitória

   Henrique Pedro

B O A S  F E S T A S


quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

Nem sei se ainda por cá ando ou se já me fui embora







Esta melencolia que me assola
em dias de chuva aborridos
ou quando o sol poente
me deixa lânguido da saudade
de quem anda ausente
estando embora presente
é uma tristeza deliquescente
mais própria dos vencidos

Abandono-me à nostalgia emergente
e paro de me angustiar
viro as costas às perguntas do costume
que sei
de antemão
não terem respostas

É quando uma morrinha miudinha
me toma os sentidos
a ponto de não me sentir nada
nem ninguém
nem magma
nem matéria
em nada materializado 
em nenhum estado de espírito realizado
ocaso ou aurora

Fico sem saber se ainda por cá ando
ou se já me fui embora
se a poesia é coisa séria
ou não passa de uma pilhéria

Até que o ensejo de um bocejo
me faz despertar dessa sonolência demente
e retomar a vida corrente



terça-feira, 12 de dezembro de 2017

O amor em redondilha maior e em decassílabo




(Heptassílabo ou redondilha maior)

É-nos dado, sim, saber
E sentir que o amor
É o oposto da dor
Vital no nosso viver

Seria bom, não sofrer
Sentir só d` amor calor
Sem haver dor ao redor
Viver só puro prazer

Não sabermos bem amar
Nem sabermos bem-fazer
É o amor aviltar

No sentir do sentimento
Ninguém se pode enganar
É puro conhecimento


(Decassílabo)

A todos nós nos é dado saber
E sentir aquilo que é amor
Porque é o contrário da dor
E parte vital do nosso viver

Melhor seria, sim, ninguém sofrer
Sempre sentir, do amor, o calor
Sem que houvera dor ao seu redor
Viver apenas de puro prazer

Muito poucos, porém, sabem amar
E só porque não sabem bem-fazer
Acabam por o amor aviltar

Sofrer na pele e ter sentimento
É, sem ninguém se poder enganar
A melhor fonte de conhecimento



domingo, 10 de dezembro de 2017

Fado do mal amado





(Do meu baú de recordações) 
Nunca houve outro amor assim
Uma tão cruel paixão entontece
Entrega tão pura ninguém merece
Nem se a mulher for um querubim

Agora choro lágrimas sem fim
Meu pranto ao longe se esmorece
Como uma mal sucedida prece
Que amargamente se vai de mim

A fada cruel quebrou o encanto
Para sempre seu coração calou
Esta é a razão deste meu pranto

Mas a vil paixão de mim não voou
Por isso canto este triste canto
O fado amargo que me tocou

Chaves, 8 de Março de 1966