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segunda-feira, 4 de novembro de 2024

Que expludam mil poemas de amor sobre toda a Terra



Oh! Quem me dera que as minhas palavras fossem encantadoras

Que fossem sedutores os meus versos

Que houvesse magia na minha rima

Que fosse mágica a minha poesia!

 

Os meus poemas explodiriam como bombas de amor

em todos os universos

por sobre toda a Terra

fariam valer a verdade

acabariam com a gierra

 

Porque os desgraçados

amordaçados

por si sós

não falam

 

Gesticulam desesperadamente gestos de sofrimento

palavras de socorro

gritos de alerta

esgares de angústia

 

Ninguém os ouve

ninguém os vê

nem se fazem sentir

ninguém sente a sua dor

 

Enquanto os magos do mundo

desvairados

gritam, mas nada dizem

vociferam impropérios

ao serviço dos impérios da mentira

mas são mudos

 

Vêm mais do que é mas são cegos

são surdos, mas escutam os ruídos mais insanos

acreditam sem terem fé

mentem mesmo se falam verdade

não têm fome

mas comem

comem

até mais não poder

 

Não são humanos

 

São piores que os piores animais

 

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 29 de Julho de 2011

Henrique António Pedro

 

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

O maior do mundo


Não sou eu o maior do mundo

tão pouco o desejo

ou o quero ser

mas…

 

Olho-me ao espelho

e embora me não veja

porque sou muito mais que imagem

gosto do que vejo

 

Gosto

porque vejo o brilho da poesia

no meu olhar

e nos meus poemas projecto

a minha infinita capacidade de amar

a irrecusável predisposição

do meu coração

para se dar

de verdade

 

Gosto do que vejo

porque amo o Céu

a Terra

o Mar

a vida

a Humanidade

 

Gosto

porque amo de mil formas

imensa gente

embora assim de repente

apenas me lembre

daqueles a quem amo mais

 

Olho-me ao espelho

e embora me não veja

porque sou muito mais que imagem

gosto do vejo

 

Embora lá no fundo

não me pareça

que eu seja

o maior do mundo

 

 Vale de Salgueiro, sexta-feira, 19 de Novembro de 2010

 Henrique António Pedro

domingo, 27 de outubro de 2024

Povoando ermos abandonados


Almas há em que nunca floriu uma flor

um sorriso se abriu sequer

 

Desertos despidos de vida e de amor

onde nunca ninguém nasceu

e tão pouco morreu

 

Espaços gelados mergulhados no silêncio do nada

que apenas os poetas pressentem e entendem

 

Locais onde não há paz nem guerra

onde a própria Terra jaz

a tremer de medo de ser perpassada

por uma nova autoestrada

 

Sítios em que a Natureza se faz ouvir com aspereza

desumanizada

onde os poetas soltam ventos

poemas

afectos

saudades

angústias

dilemas

e dores

e fazem sentir suas tempestades interiores

 

É nesses plainos ermados

desarmados

que eu abro caminho

a pé

a passo de criança

à procura de planos interiores

em que haja sinais de fé e de esperança

 

Hiperespaços de poesia e nostalgia

em que a soledade e a solidão

são sinais visíveis de humanização

 

Ermos abandonados que povoo

com os poemas da minha condição

 

Vale de Salgueiro, sexta-feira, 13 de Novembro de 2009

Henrique António Pedro

 

quinta-feira, 24 de outubro de 2024

Uma certa Maria


É uma certa Maria

não é uma Maria qualquer

haja embora quem sorria

de inveja

e de desdém

pois que seja

muitos mais lhe querem bem

 

Nada nela é fantasia

tudo de bom ela tem

mas não é dela

Maria

tudo o que dela se quer

antes de tudo Maria

é sim

e só

mulher simples

e mãe

 

Dela é só a simpatia

e a alegria

de fazer bem

tanto que mesmo de olhos fechados

a todos deixa enamorados

 

Para mim

dessa Maria

apenas quero a poesia

e que se saiba

que lhe quero muito bem

 

Vale de Salgueiro, domingo, 5 de Setembro de 2010

Henrique António Pedro

 

 

sábado, 19 de outubro de 2024

A vida só tem sentido se poesia tem



Valeu a pena ter lutado

se o combate se perdeu?

 

Ter jogado

se o jogo se não ganhou?

 

Ter acreditado

se tudo se frustrou?

 

Ter amado

se amado se não foi?

 

Vale a pena viver se acabamos por morrer?

 

Tudo vale a pena e tem sentido se com amor se viver

 

A poesia só vale a pena e tem sentido

se o poeta ousar viver

e procurar a razão de ser e de sofrer

a melhor forma de mais amar

e de bem-fazer

 

A poesia só vale a pena e tem sentido

se o poeta se não dá por vencido

e com seus versos a si se liberta

e a mais alguém

dá liberdade

também

 

A vida não perde sentido na morte

nem na má sorte

e a poesia só perde a razão de ser

se o poeta ousar esquecer o coração

 

A vida só tem sentido se poesia tem

 

Vale de Salgueiro, quinta-feira, 08 de Maio de 2014

Henrique António Pedro

 

 

 

 

terça-feira, 15 de outubro de 2024

A Lei Maior do Amor


Aprendi

no muito que já amei e sofri

que o amor e a alegria

assim como a poesia

são potenciados

se partilhados

 

E que o expoente da potência que os potencia

é igual ao número daqueles

com quem amor

alegria

e poesia

se partilha

 

Inversamente

a paixão

reduz-se a dois

que se não ousarem a mais alguém amar

acabarão por se separar

e sofrer

depois

 

É por isso lícito pensar

que sem partilha não há amor

podendo

embora

a paixão acontecer

e mais nos fazer sofrer

 

E também que se alguém se atrever

à Humanidade bem querer

com todo o seu coração

e por ela se fazer amar

acontecerá, então

a Iluminação

 

Esta a Lei Maior do Amor

que em Jesus Cristo

tem o seu maior esplendor

 

Isto eu aprendi

no muito que já amei e sofri

 

Vale de Salgueiro, sábado, 23 de Agosto de 2008

Henrique António Pedro